São quase 40 anos desde que Zé Ramalho da Paraíba chegou ao “Sul Maravilha” nas asas de um ser alado. Era ele o “trovador do apocalipse”, o “Bob Dylan do Nordeste”. “Meu trabalho era um dado novo num momento em que foi iniciado, em 1978, quando saiu o primeiro disco. E as referências a Dylan, aos violeiros, são dados reais da minha formação musical”, diz Zé ao jornal “O Estado de S. Paulo”, por e-mail, em um momento de revisionismo. Aos 68 anos, o homem que criou uma das linguagens mais originais na música brasileira abre suas gavetas.

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O selo Discobertas, do produtor Marcelo Fróes, está lançando o box Zé Ramalho Anos 70, com registros inéditos da década de diamante em três CDs. O primeiro, Demos, traz sete faixas registradas em ocasiões diversas. Estão ali os blues Frágil e Jacarepaguá Blues (gravadas no Teatro Aquarius, em São Paulo), e a seminal Avôhai, Jardim das Acácias, uma segunda versão de Frágil e um medley com Adeus Segunda-Feira Cinzenta e Espelho Cristalino (esta de Alceu, gravadas no estúdio da Phonogram em 1977).

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Os outros dois discos tratam de momentos dos mais importantes do artista. A estreia nos palcos do primeiro álbum, que ficou conhecido como Avôhai, vencia o preconceito e as “panelas” estabelecidas depois de uma longa peleja. As músicas de Zé já tinham sido rejeitadas por quase todas as gravadoras (Phonogram, RCA, EMI-Odeon e Som Livre) e iriam parar na CBS por intercessão de Carlos Alberto Sion. Os dois trazem então, cada um deles, um show. O primeiro é o lançamento de Avôhai no Rio de Janeiro, em 1978, gravado no Teatro Tereza Rachel. O segundo é de um mês depois, quando o show aterrissa em São Paulo, no teatro Nydia Licia, em novembro do mesmo 1978. A diferença dos repertórios é pequena. No show do Rio tem A Noite Preta e Vila do Sossego. Em São Paulo, saíram as duas e entrou Mote das Amplidões.

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Zé se prepara ainda para ter sua história contada em biografia escrita pela jornalista Christiana Fuscaldo, ainda sem data de lançamento. Ao jornal, ele conta ter autorizado o livro há três anos, o que, diz, não significa controle. “Mesmo tendo autorizado, não significa que eu vá ler.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.