No SBT o ator volta a brilhar, após ficar três anos fora da telinha

Thierry Figueira não chegou a acender vela para ser chamado para fazer o “coroinha” João de Deus, personagem que interpreta em Canavial de Paixões. Isso apesar de ter ficado três anos fora da telinha, até reaparecer na trama mexicana adaptada pelo SBT. Ele jura que o afastamento foi por vontade própria e usou esse tempo para estudar, viajar e desenvolver uma empresa de eventos. “A profissão de ator é muito instável. Hoje estamos em alta, amanhã ninguém lembra da gente. Abri minha empresa para me calçar”, justifica.

Thierry sabe do que está falando. Apesar de ter apenas 25 anos, o ator já enfrentou experiências diversas e adversas na carreira. Na época de Malhação, de 1995 a 1997, ele chegou a ser o campeão de cartas da Globo. Na verdade, desde que iniciou a carreira, tudo indicava que o garoto de 16 anos que surgiu em A Viagem, novela de 1994 de Ivani Ribeiro, tinha tudo para estourar. No ano seguinte, fez o Pedro de Cara e Coroa, de Antônio Calmon, e em seguida, em 1996, foi chamado para a novelinha adolescente que parecia sob medida para ele. Ficou por lá dois anos e aí passou a perambular pelas produções globais: O Amor Está no Ar, Vila Madalena, novamente Malhação, Bambuluá e Aquarela do Brasil.

Nesse ponto, o ator resolveu fazer uma “pausa para pensar”, que só terminou agora em Canavial de Paixões. “Não me importo de participar de uma novela mexicana adaptada. Os métodos são diferentes, mas me ajustei facilmente ao esquema de trabalho da emissora. Estou gostando e isso é o que importa”, argumenta. De fato, as diferenças na forma de trabalhar da Globo e do SBT são enormes. Na emissora de Silvio Santos, as novelas mantêm uma grande frente em relação ao que vai ao ar. Começam a produzir dois meses antes da estréia e terminam as gravações com até três meses de antecedência ao “happy-end” ser mostrado. Na Globo, o máximo de antecedência é de duas semanas. O pior caso de falta de frente é Kubanacan, que exibe o que foi gravado apenas dois dias depois.

De criança

Mas fazer o papel de João de Deus, Thierry garante que está sendo fácil. A história se passa no interior, num ambiente bem rural, mas não trouxe dificuldades para o rapaz nascido e criado no Rio de Janeiro. Isso porque na infância ele chegou a passar férias na fazenda da família que coincidentemente era vizinha de um canavial. Mesmo se houvesse tempo para fazer laboratório, o que não houve, Thierry não precisaria. “Eu andava muito a cavalo na minha infância e sei como é lidar com bóias-frias. E o João tem tudo a ver com isso”, explica.

Thierry prefere não apostar na repercussão de sua atuação. Ele acha que só poderá ser avaliado depois que for observado pelo público. A maior dificuldade, na verdade, vem do fato de só verem no ar o que foi gravado hoje daqui a dois ou três meses – esta falta de “feedback” é o maior problema no SBT para os atores oriundos da Globo. Mas o ator deixa escapar que o personagem tem tudo para dar certo. João de Deus, um rapaz órfão abandonado na porta da igreja e criado por um padre, se apaixona por Clara, a protagonista vivida por Bianca Castanho. Por causa do rabo-de-saia, acaba se desentendendo com o velho amigo Paulo, papel de Gustavo Haddad. “Estou adorando fazer o João de Deus. Ele é humano, verdadeiro e muito carente. É capaz de tudo pelo amor que sente por Clara, inclusive salvar a vida de seu opositor”, entrega.

Apesar de ter gostado da direção da novela e do estilo da emissora, Thierry pretende voltar a morar no Rio de Janeiro logo que acabar seu contrato com o SBT, em 15 de dezembro. No Rio estão amigos, família e a namorada – a atriz Priscila Fantin, protagonista de Chocolate com Pimenta, novela das 18 h da Globo. E agora o ator espera que João de Deus represente a retomada definitiva da carreira, agora de uma forma mais madura. “Adoro interpretar, mas não vou aceitar qualquer trabalho. Pretendo filtrar as oportunidades e me valorizar para ser valorizado”, enfatiza.

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