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No Lollapazooza, Gabriel, o Pensador mostra a atualidade de um rap dos anos 1990

Gabriel, O Pensador, no mesmo dia em que Kendrick Lamar. Os dois extremos de um movimento, no Lollapalooza Brasil 2019. Não era o que parecia quando Gabriel surgiu no Onix. Com raiva, cheio de discurso, ganhou a plateia já na primeira música, como se falasse por todos.

“Vamos acabar de matar o presidente do Brasil.” Foi com essa frase que ele abriu o show. Ele falava de Temer, com a revisão de seu primeiro sucesso, Tô Feliz (Matei o Presidente), de 1993. A letra é uma pancada, sempre atualizada pela natureza humana. “Os verdadeiros marginais são chamados de doutor e excelência”, diz ele. Depois, emendou com Filho da P…, mais uma vez, mirando os políticos corruptos, e Pátria que me pariu, de 1997.

Cachimbo da Paz, seu maior hit, ainda funciona. A história do índio que é preso por fumar maconha, a palavra que não é mencionada, na mesma delegacia em que uma garota chega acidentada por beber demais ao volante fica de novo atual.

Charlie Brown Jr é lembrado, com um cover de Zóio de Lula, e a plateia é ganha sem nenhum esforço. Tais Alvarenga é chamada logo depois para Dias de Luta, Dias de Glória. Foi mais bonito o momento em que ele fez quase todo mundo cantar o refrão de Pais e Filhos, da Legião Urbana.

Outra atualidade do único de carreira é Retrato de um Playboy, de 1993, que veio remixada mas com os mesmos versos “sou playboy, filhinho de papai, eu tenho um pitbull, imito o que ele faz”. Engraçado que para encerrar vem 2345 meia 78, que conta a história do cara que sente a hora de “molhar o biscoito” e que tenta todas as mulheres de sua agenda com as abordagens mais toscas. O mundo tem ficado complicado também para os engajados.

Ao final, o melhor Gabriel surge de novo com Até Quando?, de 2003. Ele ganha credibilidade quando rima mirando a corrupção, com uma divisão e um flown incrivelmente inteligíveis.

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