No escurinho do cinema

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Renata Boldrini: "Alguns ajudam, outros …"

Quatro minutos. Esse é o tempo de que a jornalista Renata Boldrini, da revista eletrônica Cineview, do Telecine, dispõe para entrevistar os astros e as estrelas de Hollywood. Alguns deles, como Uma Thurman, a vingativa "noiva" de Kill Bill, até ajudam. "Ela respondeu rapidinho as perguntas que eu fazia para que a entrevista rendesse bastante. Felizmente, deu para fazer toda a minha pauta", suspira, aliviada. Já outros, como Laurence Fishburne, não colaboram tanto. O intérprete do Morpheus de Matrix, garante Renata, estava num dia pouco inspirado. "Foram os quatro minutos mais longos da minha vida. Acho que ele não foi muito com a minha cara", dramatiza.

Bobagem… Desde que começou no Telecine, há quase oito anos, Renata Boldrini já entrevistou autênticas celebridades, como Jack Nicholson, Tom Hanks, Arnold Schwarzenegger… Experiente, a âncora do Cineview já aprendeu a não se deslumbrar facilmente diante de seres que parecem pertencer a outro planeta.

Mesmo assim, ela ainda comete alguns deslizes. Como não conseguir ligar a câmara diante de Woody Allen no Festival de Cannes de 2001. "Até hoje, não sei o que aconteceu. Ele deu um sorriso, pediu desculpas e foi embora. Quando a câmara resolveu cooperar, só consegui pegar as costas dele", lamenta.

Pior do que perder a rara oportunidade de entrevistar Woody Allen só mesmo levar cantada de Billy Bob Thornton. Mas foi isso o que aconteceu quando, num momento de ingenuidade, Renata perguntou ao ator, diretor, músico e produtor, entre outras tantas atividades, o que ele mais gostava de fazer.

Quando o sujeito esboçou um sorriso maroto, Renata logo percebeu que havia falado alguma besteira… "Sexo!", relembra a jornalista, reproduzindo o olhar conquistador do "ex" de Angelina Jolie. Poucas semanas depois, Renata já estava diante de George Clooney, ator que ela descreve como charmoso, simpático, respeitador… "Respeitador até demais. Esse podia cantar e não canta…", queixa-se, saliente, antes de romper numa gostosa gargalhada.

Sem terror

Aos 33 anos, Renata Boldrini não tem mesmo do que se queixar da vida. Entre festivais nacionais e internacionais, já cobriu uns 30: Veneza, Cannes, Mar del Plata, Havana… "Só falta mesmo o de Berlim e a entrega do Oscar. Mas, um dia, eu ainda chego lá!", promete. Quando não está viajando, Renata procura assistir a uma média de 10 filmes por semana. O único gênero a que ela não assiste, "de jeito nenhum", é o de terror. "Às vezes, eu até tento, mas aí abaixo a cabeça, fecho os olhos, começo a tremer e desligo. É uma vergonha!", admite Renata, que não passou nem da metade de O Exorcista.

Mas a fobia a filmes de terror não comprometeu a carreira de Renata. Mais do que opção profissional, trabalhar com cinema era quase uma predestinação. Explica-se. O avô da jornalista, "seu" Domingos Boldrini, era dono de quatro salas de cinema na pequena Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul. Por isso mesmo, desde pequena, ela vivia ouvindo a mãe dizer que deveria ser cineasta, produtora, figurinista, qualquer coisa relacionada a cinema… "Mamãe vivia mexendo com a gente: ‘Alguém nessa família tem de trabalhar com cinema para o seu avô ficar satisfeito!’. Não caí nessa por acaso", acredita ela.

Ajuda

Um dia, Renata estava na faculdade quando soube que o Telecine havia aberto inscrições. Mesmo sabendo que a vaga era para homem, resolveu arriscar. "O máximo que eu podia escutar era: ‘Você não sabe ler, minha filha?’", sorri, dando de ombros.

Quando soube que tinha sido aprovada, fez questão de ligar para a mãe. Emocionada, pediu que ela agradecesse ao avô pela "mãozinha" que ele deu… "O bacana de trabalhar no Telecine é poder estar em contato com o que há de melhor no cinema mundial. Se eu consegui entrar lá, você pode ter certeza: tem um dedo do "seu" Domingos nisso!", garante.

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