“Na Estrada”, de Walter Salles, é recebido com frieza por americanos

Em sua estreia nos Estados Unidos, “Na Estrada”, adaptação de Walter Salles para o clássico “On The Road”, de Jack Kerouac (1922-1969), teve uma recepção fria por parte dos críticos norte-americanos.

O filme está sendo exibido em apenas quatro salas em Nova York e Los Angeles para poder qualificar-se a uma (difícil) candidatura ao Oscar 2013 -o lançamento deve ser expandido em janeiro.

Em geral, os especialistas consideram “Na Estrada” um longa com bela fotografia, tecnicamente bem filmado, mas sem o espírito selvagem da obra que é um marco da geração beat.

O crítico Stephen Holden, do “New York Times”, diz que “há pouco o que não gostar em ‘Na Estrada’, mas há muito com o que se decepcionar”.

Holden elogia as belas cenas, diz que “os Estados Unidos raramente pareceram tão atraentes para a exploração” quanto no longa e destaca a direção de fotografia de Eric Gautier.

No entanto, ele não perdoa as interpretações dos protagonistas, sobretudo a de Garrett Hedlund, que vive o papel icônico de Dean Moriarty.

“Hedlund tem a beleza americana e o charme desleixado para o papel, mas não exala nada do perigo selvagem associado a um homem desesperado em busca de emoções e compelido a ultrapassar os limites.”

O jornal “Los Angeles Times” recebeu a produção com um pouco mais entusiasmo. O crítico Kenneth Turan também enaltece a fotografia de Gautier, mas diz que Salles “criou uma versão poética, sensível e dolorosamente romântica do livro de Kerouac”.

Em relação ao protagonista do longa, o jornal californiano vai no caminho oposto ao do “New York Times”. Turan acredita que “Hedlund atinge todas as notas certas no difícil papel”.

Reunião de críticas

Os sites que reúnem todas as críticas dos Estados Unidos mostram que o longa não resultou em textos radicais –seja defendendo ou atacando a obra.

No site “Rotten Tomatoes”, “Na Estrada” obteve a cotação de 46%, obtendo a classificação de “podre” -quando um longa fica com menos de 50% de críticas favoráveis.

Entre os críticos mais respeitados, o número cai para 43%. Peter Travers, da “Rolling Stone”, é um deles.

Ele escreve que “um banho de Tarantino poderia ter turbinado a versão bem comportada de Walter Salles para o clássico da geração beat”.

No site “Metacritic”, que compila também notas de publicações estrangeiras, o longa ficou com uma média de 52 (de 100). A boa notícia é que as melhores cotações saíram dos Estados Unidos.