Murilo não consegue deixar de participar de tramas passadas em outras épocas

Assim que terminou A Casa das Sete Mulheres, Murilo Rosa bradou aos quatro ventos que seu próximo trabalho seria uma trama atual. Mas não demorou para o telefone tocar. Primeiro, foi o diretor Jayme Monjardim convidando o ator para participar do filme Olga, que estréia em abril. Em seguida, a autora Maria Adelaide Amaral, o chamando para a minissérie Um só Coração. Murilo não titubeou: disse sim para as duas produções – que, por coincidência, são ambientadas na primeira metade do Século XX. “Não podia recusar. Esse tipo de trabalho é o sonho de qualquer ator! Imagina se iria reclamar de um privilégio desses…”, redime-se o ator que, com 30 anos de idade e 10 de carreira, emenda a sua nona produção de época.

Em Um só Coração, Murilo Rosa interpreta o anarquista Frederico Schmidt – vivido na infância por Thadeu Torres. O personagem se divide entre a paixão pela política e pela judia Lídia, personagem de Helena Ranaldi. Mas o romance sofre um duro golpe quando o marido dela, dado como morto pelos nazistas, reaparece cheio de amarguras na pele de Carlos Vereza. “O destino desses personagens é um dos grandes mistérios da trama”, antecipa um empolgado Murilo que, depois da minissérie, vai passar dois meses estudando teatro em Londres e, na volta, filma o longa Mulheres do Brasil, de Malu Di Martino.

P – Com 10 anos de profissão é possível manter o mesmo entusiasmo?

R – É difícil, mas é justamente isso que diferencia um grande ator de um apenas mediano. Não quero nunca ser um ator blasé, do tipo que pensa valer mais que o personagem que interpreta. A palavra que me move como artista é paixão. Quero me apaixonar perdidamente pelos meus personagens, não importa se é o primeiro ou o milésimo que faço.

P – Não acha que é uma forma romântica de encarar a profissão?

R – Com certeza é, mas é nisso que eu acredito. Tenho muita inveja daqueles atores dos anos 60, que tinham um ideal coletivo. Hoje, somos bem mais individualistas, cada um cuida de si. Mas, na verdade, a profissão de ator não tem nada a ver com essa badalação toda que se faz em torno dela. Quem quer a fama pela fama está no caminho errado.

P – Você parece muito incomodado com isso…

R – É que ando questionando muitas coisas… Sempre levei minha vida pessoal na maior discrição. Mas sou solteiro, moro sozinho… Às vezes, me deparo com um fotógrafo atrás da árvore, tentando flagrar com quem estou saindo. Isso vulgariza minha imagem de ator. Se não tivesse uma carreira direitinha, eu estava ferrado! Pelo menos, segundo os meus critérios… Falo isso porque fui muito radical no início da carreira. Depois, vi que não era por aí. Mas, afinal, como manter um pouco daquela essência vivendo num apartamento de frente para a praia – que comprei com meu trabalho – e aparecendo na revista Caras? Quero encontrar o equilíbrio…

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