Muito barulho por nada

Escaldados pela má impressão da “amaciada” que deram em Load e Reload, os ex-headbangers do Metallica anunciaram aos quatro ventos que recuperariam a “velha forma” no próximo disco – St. Anger, lançado recentemente pela Universal. O visual agressivo do CD e os impressionantes números registrados – St. Anger atingiu a marca das 418 mil unidades vendidas em apenas uma semana, chegando ao topo das paradas – podem até enganar, mas a dura realidade é que o propalado álbum de “retorno” do quarteto californiano é lamentável.

Mostra uma banda sem identidade, perdida entre a vontade de recuperar a “fúria” dos tempos do Kill?em All e do Black Album, e o desejo de soar “moderna”. Resultado: onze músicas sem um único (!) dos famosos solos de Kirk Hammet, longas demais -várias superam a marca dos 8 minutos -, repetitivas demais e sem personalidade. Uma maçaroca ruidosa e entediante. Só para quem acha que peso é sinônimo de velocidade, pancadaria e afinações graves, é que St. Anger cumpre o seu papel. As alternâncias de climas, presentes em várias músicas, como a faixa-título, Invisible Kid e Shoot me Again, também soam artificiais.

Frantic, que abre o disco, é quase boa – por trazer essas alternâncias pela primeira vez. St. Anger, na seqüência, revela o flerte dos dinoassauros com o chamado nu-metal. Mas isso o Limp Bizkit faz muito melhor. A terceira música, Some Kind of Monster, com seus inacreditáveis 8min25, traz nova investida rap-metal, renegada no refrão mais clássico. E assim se arrastam as onze músicas, alternando speed (Dirty Window), aperitivos thrash (My World), citações punk (Shoot me Again), espasmos grunge (Sweet Amber), ruídos e distorções (The Unnamed Feeling) e novas e arriscadas aproximações com o rap (Purify). Ou seja, atiram para todos os lados, e não acertam em nada. Com tantas influências, o disco soa absurdamente igual do começo ao fim.

Lata de lixo

Lars Ulrich, em mais uma jogada de marketing, substituiu a caixa por uma velha lata de lixo, conseguindo um som no máximo esquisito. Sem falar que passa em branco nas várias deixas que tem para mostrar o seu virtuosismo. Kirk Hammet, sem riffs nem solos, é mero figurante. James Hetfield, embora mostre competência ao oscilar partes suaves com berros mais energéticos, tropeça quando apela para o rap ou tenta se fazer de “mau”. E o novo baixista Robert Trujillo, que substituiu Jason Newsted, nem teve tempo de mostrar a que veio. Espera-se que sua veia funkeada tenha algo de novo a acrescentar ao Metallica. Ele bem que está precisando.

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