Muito além dos finais felizes

Não foi apenas Odorico Paraguaçu que transcendeu aos capítulos da novela. Personagens como Beto Rockfeller, Mário Fofoca e a dupla Shazan e Xerife também ultrapassaram a barreira do “happy end” para rentabilizar a popularidade.

O anti-herói vivido por Luiz Gustavo em Beto Rockfeller, de 1968, foi o primeiro. Depois de manter a novela um ano no ar – até os atores e autores se davam “férias” pedindo o fim da trama -, a Tupi lançou A Volta de Beto Rockfeller, em 1973. “Quando a emissora faliu, passei um bom tempo sem emprego, porque eu era a cara do Beto”, conta Luiz Gustavo. Em 1982, porém, o ator encarnaria outro tipo memorável: o detetive Mário Fofoca. Depois de deslanchar em Elas Por Elas, o dono do famoso paletó xadrez virou série e até longa-metragem.

Destino parecido tiveram Shazan e Xerife, de O Primeiro Amor, de 1972. Os personagens de Paulo José e Flávio Migliaccio andavam numa “camicleta” – mistura de caminhão com bicicleta – e prometiam consertar “até coração”. O sucesso com o público infantil alavancou o seriado. Outro que contou com as crianças para entrar na galeria dos tipos memoráveis foi o vampiro Vlad, de Ney Latorraca. O sanguessuga de Vamp terminou a novela de Antônio Calmon com a promessa de que voltaria. De certa forma, voltou. Ney encarnou outro vampirão em O Beijo do Vampiro – tinha um nome diferente, é verdade, mas trazia a inconfundível marca do ator. “O Vlad é insuperável! Uma vez, estava eu de boné e óculos escuros. Uma criança de colo olhou para mim e disse: “Vlad”!. Foi a primeira palavra que falou na vida!”, jura Ney, às gargalhadas, afirmando que os pais devem ter ficado decepcionados.

Herói e mulheres inesquecíveis

– Escrava Isaura já foi vendida para mais de 100 países, boa parte deles já visitados por Lucélia Santos.

– Durante a maior parte de sua carreira, Tarcísio Meira foi a encarnação perfeita do galã. E João Coragem, da novela Irmãos Coragem, de 1970, é o maior exemplo do herói de novelas. “Certos personagens têm o poder de sublimar sonhos e aspirações. Acho que o João foi um deles”, avalia o ator.

– Até hoje, Sônia Braga é a tradução fiel de Gabriela. A personagem-título da famosa obra de Jorge Amado virou novela, em 1975. Mas até o escritor baiano dizia pensar em Sônia ao imaginar a morena matreira.

– A Dona Armênia, vivida por Aracy Balabanian, fez tanto sucesso em Rainha da Sucata que o autor Sílvio de Abreu resolveu reeditá-la em Deus Nos Acuda.

Voltar ao topo