Mostra no PhotoEspaña homenageia Roman Signer

Poderia ser curioso que num festival dedicado à fotografia, o 13.º PhotoEspaña, um dos grandes destaques do evento seja uma filme-instalação com obras consideradas “action sculptures” ou, numa tradução livre, esculturas em ação. Trata-se da mostra do artista suíço Roman Signer, que criou uma instalação específica para o Matadero Madrid, com filmes curtos que realizou em 16 mm nas décadas de 1970 e 80 e nos quais registrou ações com fogo. Mas homenagear Signer é mais que natural dentro desse festival de fotografia espanhol, que tem como força justamente apresentar exposições em que a questão da imagem se desenvolve nas mais diversas concepções. São ligações diretas dos princípios fotográficos com as artes visuais.

Signer, nascido em 1938, é considerado um importante artista no cenário internacional. De poucas palavras, afirmou que quis retomar seus emblemáticos filmes de explosões, em sua participação no PhotoEspaña 2010, para poder fazer a relação direta com o local em que ocorre a exposição, o espaço Abierto X Obras, do Matadero Madrid, o antigo matadouro da capital espanhola transformado em centro cultural depois do incêndio. Sua mostra está abrigada no lugar onde funcionava a câmara frigorífica do matadouro, espaço sombrio e denso.

No local, 10 filmes de Roman Signer são projetados em duas sequências frontais de cinco telas, o que cria um percurso para o visitante e também uma certa opulência da imagem. Cada uma das obras se transforma em um quadro vivo repetitivo de atos de explosão – num deles, por exemplo, uma trilha ou pequena ponte é tomada passo a passo por fogo; em outro, a calma vista de uma floresta é transformada por um rápido estouro (e vemos a fumaça se esvair aos poucos em meio às árvores). Signer, que já fez trabalhos documentando performances de colisões e arremesso de objetos, lida com questões de “duração e imprevisibilidade”, destaca o curador Sérgio Mah.

Outras videoinstalações – As mostras do colombiano Óscar Muñoz e do espanhol Fernando Sánchez Castillo, no Círculo de Belas Artes de Madri, como parte do PhotoEspaña 2010, também não são estritamente de fotografia. Na de Muñoz é a questão física do tempo interferindo diretamente e literalmente na composição da imagem o mote principal dos trabalhos.

Projeto para um Memorial (2005), já exibido em São Paulo, é formado por cinco grandes projeções em que estão o registro da ação do artista desenhando rostos com pincel de água sobre placas de cimento. Os retratos, assim, se tornam instáveis, efêmeros, pois se apagam naturalmente por causa do sol e do ar. Já na interessante obra política de Castillo, o vídeo “Episódios Nacionais. Tática”, o artista coloca cegos apalpando monumentos de homenagem ao general Francisco Franco, ditador espanhol, retirados da cidade depois do fim do regime, e até a imagem do militar abrigada no Museu de Cera de Madri. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.