O país que gerou cineastas como Federico Fellini, Ettore Scola, Pier Paolo Pasolini e Michelangelo Antonioni mostrará como sua atual produção cinematográfica continua estimulante. O Venezia Cinema Italiano IV vai exibir sete longas-metragens italianos, incluindo uma co-produção ítalo-brasileira, participantes da última Mostra de Veneza, sendo cinco deles inéditos em circuitos comerciais.

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Com entrada franca, este breve panorama deixará a platéia brasileira novamente em sintonia com o cinema italiano, que teve o auge de sua popularidade por aqui entre as décadas de 60 e 70. Da nova geração do cinema italiano vem Almoço em agosto, de Gianni Di Gregorio, premiado em Veneza com o troféu Luigi de Laurentiis, entregue para filmes de realizadores estreantes, e Pa-ra-da, de Marco Pontecorvo. O festival apresentará ainda filmes de diretores afirmados, como Ferzan Ozpetek e Pappi Corsicato.

Outra atração é a co-produção Brasil-Itália Birdwatchers – Terra vermelha, dirigida pelo ítalo-chileno Marco Bechis e com os atores Claudio Santamaria, Matheus Nachtergaele e Leonardo Medeiros no elenco. Rodado no Brasil, o longa é falado em português e guarani, ao contar a história de uma tribo de índios brasileiros que vivem no Mato Grosso do Sul e estão ameaçados de extinção cultural. A possibilidade de assistir a filmes selecionados para um dos mais relevantes festivais de cinema do mundo faz o Venezia Cinema Italiano se firmar no calendário da classe cinematográfica e do grande público. O fortalecimento da mostra – que a cada ano cresce em número de praças – chama a atenção para o cinema italiano contemporâneo, que vem colhendo elogios da crítica internacional.

Diretor de organização da Mostra de Cinema de Veneza, Luigi Cuciniello fala um pouco sobre o atual panorama do cinema italiano e também sobre a mostra Venezia Cinema Italiano, cuja quarta edição passa por Curitiba no próximo domingo, dia 7. Idealizado pela Embaixada da Itália no Brasil, o evento passa também por São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Recife.

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Qual a diferença entre a Mostra Internacional de Arte Cinematográfica de Veneza e os outros grandes festivais internacionais de cinema?

A mostra é o primeiro festival do mundo, tendo estreado em 1932, e sobre sua formatação foram desenvolvidos todos os outros. Hoje, na comparação com os outros grandes festivais, a mostra apresenta uma seleção de filmes – todos em pré-estréia mundial – de altíssimo nível, atribuindo um prêmio muito prestigioso: o Leão de Ouro.

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Qual é sua função no âmbito da Mostra de Cinema de Veneza? Quais são suas responsabilidades?

Há oito anos sou o diretor de organização da mostra. Cuido da coordenação de todos os aspectos operacionais – gestão dos recursos humanos e do budget, acessos e segurança, projeções e montagens, patrocinadores e comunicação -para tornar eficaz e eficiente a manifestação.

A nova estação do cinema italiano é elogiada e está conquistando um bom sucesso de público. O senhor acha que é possível traçar um paralelo com a chamada retomada do cinema brasileiro?

Toda cinematografia tem sua própria história e seu próprio percurso. Assistimos, porém, a uma retomada tanto do cinema brasileiro como do cinema italiano. Isso significa, evidentemente, que ambos têm clara vontade de seguir no trilho de sua respectiva tradição, mas também de reatar um diálogo mais aberto com o público.

Como avalia a produção recente do cinema brasileiro? Teve reflexos nas últimas edições da Mostra de Arte Cinematográfica de Veneza?

O cinema brasileiro esteve presente nos últimos anos com obras inéditas de autores em atividade (Bressane, Guimaraes), bem como com homenagem a clássicos do passado (Glauber Rocha, a retrospectiva dedicada a Joaquim Pedro De Andrade). Hoje em dia apresenta uma nova vitalidade criativa que deixa intuir um futuro próximo muito prolífico.

Como avalia a distribuição do cinema brasileiro na Itália? Quais elementos do cinema brasileiro permitem instituir um paralelo com o cinema italiano?

As produções brasileiras chegam com certa dificuldade ao mercado italiano, o mesmo vale também para os filmes italianos no Brasil. Acredito que do ponto de vista artístico exista uma atenção comum para os aspectos políticos e sociais, embora tais temáticas nas obras de hoje sejam mais em segundo plano do que no passado.

O cinema italiano é caracterizado pelas obras de grandes diretores: Fellini, Antonioni, Pasolini, Bertolucci, entre outros. É possível encontrar reflexos destes diretores na atual geração de diretores na Itália e no resto do mundo?

Sem dúvida, diretores como Amélio e Tornatore inspiraram-se nos grandes autores de nosso passado. Os grandes mestres citados não param de inspirar os mais importantes diretores da atualidade, alguns dos quais, como Martin Scorsese ou Pedro Almodóvar, têm em várias oportunidades reconhecido sua dívida para com o cinema italiano clássico.

Quais são os critérios utilizados para a seleção dos filmes que serão apresentados por ocasião da 4ª edição de Venezia Cinema Italiano?

Os sete filmes apresentados visam oferecer a mais completa panorâmica das seções e das tendências do cinema italiano selecionados por ocasião da 65.ª Mostra Internacional de Arte Cinematográfica de Veneza. Quatro são filmes da seção em Concurso, que reúnem diretores afirmados (Avati, Bechis, Corsicato, Ozpetek); um filme é da seção Orizzonti, a seleção mais original: trata-se de Pa-ra-da, que marca a estréia de Marco Pontecorvo, filho do saudoso Gillo, na direção; temos também o filme ganhador do Leão de Ouro de melhor obra-prima, Almoço em agosto, de Gianni Di Gregório; e, enfim, uma homenagem ao Diretor Dino Risi, recentemente falecido, com a cópia restaurada de uma de suas produções mais amadas, Os monstros, com Vittorio Gassman e Ugo Tognazzi.

Qual é o papel que o ator Silvio Orlando desempenha no panorama atual do cinema italiano? E o diretor Pupi Avati?

Silvio Orlando, por suas interpretações nos filmes de Moretti, Salvatores, Grimaldi, é, sem dúvida, um dos atores mais versáteis e importantes entre aqueles em atividade. Avati, diretor sensível e prolífico, possui uma versatilidade e uma sensibilidade que lhe permitem passar com facilidade da comédia ao filme de terror, do drama ao filme histórico, sempre obtendo sucesso de público e da crítica.

Já esteve no Brasil? O que prefere do cinema brasileiro de ontem e de hoje?

Já são quatro anos que vou ao Brasil para promover esta mostra e o cinema italiano. Sempre encontrei um grande entusiasmo para nossa arte e para nossa cultura. Falando de cinema brasileiro, no que diz respeito ao passado, gosto de lembrar de Rocha. Para o presente, Walter Salles.

Serviço

IV Mostra de Cinema de Veneza
De 7 a 13 de dezembro, no Cineplex Batel (Shopping Novo Batel, Al. Dom Pedro II, 255), em Curitiba. Entrada franca.
Domingo, dia 7:20h: Terra vermelha.
Segunda-feira, 8: 20h: Il papà di Giovanna.
Terça-feira, 9: 20h: Un giorno perfetto.
Quarta-feira, 10: 20h: Il seme della discordia.
Quinta-feira, 11: 20h: Almoço em agosto.
Sexta-feira, 12: 20h: Pa-ra-da
Sábado, 13: 20h: Os monstros.