Mostra em São Paulo reúne novas telas de Paulo Pasta

Quanto mais fiel às próprias origens, mais original nos tornamos. Paulo Pasta define assim, de uma forma natural, seu comprometimento, desde a década de 1980, com a pintura em seu estado mais puro. “Não sou abstrato”, diz o artista – sua pesquisa é o desdobramento da criação de esquemas em que a cor se revela “o mais importante de tudo”.

Na sala principal da Galeria Millan, Paulo Pasta exibe a partir desta quinta para convidados e na sexta para o público seis grandes telas criadas entre 2011 e 2012, obras que traduzem sua produção mais recente. As pinturas têm o mesmo tamanho, 2,40 m x 3 m, e são a continuação do trabalho ao qual o pintor vem se dedicando nos últimos tempos, a criação de passagens da cor a partir de uma estrutura similar e simples, a construção de regiões delineadas com formas que remetem à cruz – e em alguns casos, a uma espécie de arquitetura.

Pode parecer lugar-comum, mas é necessário dedicar tempo sensível para adentrar no campo da sofisticada obra de Paulo Pasta. Em terrenos de espaços horizontais e verticais, nenhuma cor é pura, mas sempre sóbria, e se torna “funâmbula” nas telas do artista, como ele diz. Acompanhamos uma “história interna” da pintura e da passagem de tonalidades que, em cada obra, podem ser claras – o branco; podem ser vibrantes – há o amarelo e o vermelho; podem ser densas – o azul, o negro. “A pintura é estado, a cor é estado, digo que é o impressionismo da consciência ou o impressionismo do perene”, afirma Pasta, que escolheu como título de sua exposição um verso de canção caipira, “O Fim da Metade É o Começo do Meio”, de Tião Carreiro e Pardinho.

“Matisse sonhava com uma arte da pureza, da serenidade, do equilíbrio. É possível dizer que Paulo Pasta sonhe com as mesmas coisas. A exemplo de Matisse, Pasta nunca pintou uma mesa pensando no objeto, mas na emoção que sua imagem provoca, recapturando o frescor do inaudito, daquele primeiro olhar sobre o mundo”, define o crítico e repórter do Caderno 2, Antonio Gonçalves Filho, no prefácio do livro “A Educação pela Pintura”, que o artista lança nesta quinta, na Galeria Millan, durante a inauguração de sua mostra no local.

Pasta diz, sim, apostar na beleza, mas define a contemporaneidade de sua obra quando coloca “o paradoxo dos contrários” em suas pinturas. A estrutura das composições, feita a partir das formas de cruzes, é regular, a pincelada de Paulo Pasta, “controlada”, e sua pintura, muito contida, mas é a cor que remete ao caráter da “indefinição”, da “imprecisão do real” por meio do movimento sutil ou até pulsante – como, especialmente, na tela feita de amarelo e branco – de tonalidades.

Já no mezanino da galeria, o pintor exibe duas telas – de 2,40 m x 3 m – nas quais se vê outro desdobramento de sua pesquisa mais recente, a criação de um grande retângulo chapado e seguro no centro das obras. “O retângulo é o funâmbulo para se mergulhar”, define o artista esse novo esquema. Na mesma sala, uma obra de tons claros – rosa, bege, amarelo – e outra escura – azul e negro-azul, está de frente para a outra. “É o dia e a noite”, diz o pintor. Pasta exibe ainda na galeria pinturas de tamanhos menores – algumas, bem diminutas e outras de uma média de 50 cm x 60 cm. São todas, afinal, estados do artista, despertando o silêncio que é a “moradia da cor” – como já disse a ele o mestre Amilcar de Castro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

PAULO PASTA

Galeria Milan (R. Fradique Coutinho, 1.360). Telefone (011) 3031-6007. 10 h/19 h (sáb., 11 h/17 h; fecha dom.). Até 30/6. Abertura quinta, para convidados.

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