Morre Sidney Sheldon, genial ?pai? de Jeannie

Foto: CNN

Sidney Sheldon morre aos 89 anos.

O americano Sidney Sheldon nunca foi um escritor elogiado pelos críticos, que não encontraram mérito literário algum em suas obras. Indiferente, ele se orgulhava da autenticidade de seus romances e afirmava que escrevia sempre sobre o que tinha experimentado na própria carne. Bastou isso para se tornar um eterno best-seller, idolatrado por milhares de fãs que lamentaram sua morte, ocorrida anteontem à noite, em Los Angeles. Sheldon estava com 89 anos e morreu ao lado da mulher, Alexandra, e da filha Mary, em decorrência de complicações de uma pneumonia.

?Se falo de um jantar na Indonésia é porque estive ali e provei da comida sobre a qual falo. Não acho que o leitor deva ser enganado?, disse o autor, em uma entrevista de 1987. De fato, a busca pela autenticidade dos fatos, aliada a uma boa dose de suspense, emoção e sensualidade, elementos que ele foi um dos primeiros escritores americanos a usar, consagraram sua obra, cujos números impressionam: 25 romances, 300 milhões de exemplares vendidos em 180 países e traduzidos para 50 idiomas – no Brasil, seus livros têm a chancela da editora Record.

Uma máquina de sucessos, algo tão grandioso que, nos anos 1980, levantou-se a suspeita de que Sheldon mantinha uma equipe de colaboradores responsáveis pelo texto de cada novela. Nada, porém, foi comprovado. Entre seus romances mais conhecidos, destacam-se A ira dos anjos, O outro lado da meia-noite e O reverso da medalha. Nesses, assim como na maioria de sua obra, destaca-se uma escrita meticulosamente pensada para atrair o leitor. ?Escrevo meus romances de modo que, quando o leitor termina um capítulo, tem de ler o seguinte. É a técnica das séries de televisão, de deixar o leitor pendurado no abismo?, disse Sheldon, em 1982. A telinha, aliás, foi outro campo em que o escritor dominou com sabedoria, escrevendo mais de 150 roteiros.

Sua mais famosa criação é, sem dúvida, a série Jeannie é um gênio, lançada em 1965, pela emissora norte-americana NBC, para combater A feiticeira, da ABC. A trama começa com um acidente sofrido por um foguete da Nasa, pilotado pelo major Anthony Nelson (vivido pelo ator Larry Hagman), que cai numa ilha do Pacífico. Enquanto espera por socorro, ele encontra na areia uma garrafa e, ao abri-la, liberta um gênio bastante curvilíneo e de cabelos dourados – Jeannie, vivida pela atriz Barbara Eden. Com o seriado (já disponível em DVD), Sheldon ganhou um Emmy, o prêmio máximo da tevê americana.

Nascido em 17 de fevereiro de 1917, em Chicago, Sidney Sheldon começou a escrever ainda criança, especialmente poemas. Vendeu o primeiro quando estava com 10 anos. Chegou a Hollywood sete anos depois e iniciou sua carreira com a leitura de roteiros para os estúdios Universal.

Depois da 2.ª Guerra Mundial, na qual foi piloto da Força Aérea, mudou-se para Nova York, onde escreveu e editou musicais para a Broadway. O sucesso com obras como A viúva alegre e Redhead, que lhe valeu um prêmio Tony, levou Sheldon de volta a Hollywood, onde escreveu o roteiro de O solteiro cobiçado (1947), com Cary Grant, Myrna Loy e Shirley Temple, e recebeu o Oscar.

Seu último livro, O outro lado de mim, lançado em 2005, é autobiográfico.

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