Michael Bublé, “o jovem Sinatra”

A CNN o chamou de “o jovem Sinatra”. Não é pouca a responsabilidade (Harry Connick Jr. até hoje sofre por causa das comparações do início), mas o canadense Michael Bublé não parece perder o sono com isso. “Eu dou continuidade ao legado de Sinatra, Dean Martin, Tony Bennett”, ele disse, sem pestanejar, falando à reportagem por telefone.

A Warner Music Brasil acaba de lançar o disco Come Fly with me, no qual Bublé expressa sua paixão por standards sinatrianos, em músicas como My Funny Valentine (Lorenz Hart e Richard Rodgers). O álbum é um grande sucesso: já vendeu 2,5 milhões de cópias mundo afora e 25 mil no Brasil.

Mas Bublé é abusado, e também canta Bee Gees (How Can You Mend a Broken Heart) e Freddie Mercury (Crazy Little Thing Called Love) e Van Morrison (Moondance). “Não importa se é George Gershwin ou Michael Jackson. Uma grande canção é sempre uma grande canção”, ele vaticina.

O cantor fala da forma como chegou a esse repertório, quando tinha uns 14 anos – e de como permanece ligado a ele, segundo declara. O nome da conexão é Santaga, seu avô, que o apresentou a uma grande coleção de discos. “Ele é meu conselheiro até hoje – nos próximos dias, estaremos nos vendo, e eu o considero uma grande inspiração.”

Os americanos ainda se enrolam com seu nome, e ensinam a soletrar. É Boob-lay, explicam, e não Bubbles (bolhas, em inglês). Bublé se diverte com as brincadeiras, e explica que o nome, embora soe como francês, é de origem italiana.

Amigo pessoal de Tony Bennett, ele ouviu do mestre um grande conselho, certa vez. Bublé contou a Bennett que, numa determinada interpretação, tinha “roubado” algo do estilo do cantor. Bennett respondeu o seguinte, rindo: “Se você rouba algo de apenas um, você é apenas um ladrão. Mas se você rouba de todos, pode chamar a isso de pesquisa.”

Amigo de outro pequeno prodígio dos standards, Jamie Cullum, ele diz que há uma diferença fundamental entre os dois. “Jamie é pianista, faz sua interpretação com base nessa sua capacidade. Eu sou intérprete, mas nós dois nos interessamos pelo mesmo tipo de repertório.”

Bublé está à disposição nas lojas de discos também em DVD, outro lançamento da Warner, com um CD extra e um vídeo. Ele diz que já tem planos de vir cantar no Brasil, mas só no próximo ano. Come Fly with me foi gravado no ano passado, e em um mês o cantor entra no estúdio para fazer outro álbum. “Sempre, sempre na mesma direção”, ele afirma. Ou seja: o mundo da canção de veludo continuará tendo adeptos fervorosos.

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