Micaela Góes aceita ser antagonista em novela do SBT

Micaela Góes costuma recorrer a uma frase de Giani Ratto para justificar algumas das opções de sua carreira na tevê, que já soma mais de 10 anos. “Ser artista é se arriscar”, sentenciou o célebre diretor e cenógrafo, que fez escola no teatro brasileiro na década de 60. A atriz não só concorda como repete a máxima a cada vez que é questionada sobre suas escolhas. Ela não chega a considerar um risco o fato de viver a antagonista da próxima trama do SBT, “Jamais Te Esquecerei”, mas garante que não avaliou muito além da própria personagem antes de concordar em fazer o papel. “Aceito bons personagens. Isso é o que me motiva e diz respeito a meu trabalho como atriz. Não levanto a bandeira de nenhuma emissora”, explica, com determinação.

De fato, a atriz nunca fez duas novelas seguidas em uma emissora e o SBT é o único canal produtor de teledramaturgia no qual ela ainda não havia trabalhado. Depois de estrear em “A História de Ana Raio e Zé Trovão”, da extinta Manchete, em 1991, ela passou pela Band, onde fez “A Idade da Loba”, de 96, pela Globo, onde atuou em “O Amor Está no Ar”, de 97, e pela Record, onde fez “Vidas Cruzadas”, de 2000, seu último trabalho na tevê. Por um lado, essa falta de um vínculo empregatício é encarada como uma vantagem, em função da liberdade de escolha dos papéis. Mas a atriz não esconde que a instabilidade acaba sendo maior. “É claro que não me oporia a um contrato. Ter a certeza de um salário no fim do mês é importante”, reconhece, com naturalidade. Mesmo assim, ela confessa não ter certeza de que se adaptaria a determinadas imposições contratuais. “Não abriria mão de meu desenvolvimento artístico em troca de estabilidade”, exemplifica.

Maldade inspiradora

Foi a vilania de Sílvia que motivou Micaela a aceitar o convite de Fernando Rancoletta, diretor de elenco do SBT. Calculista e interesseira, a maquiavélica personagem vai disputar com a protagonista, vivida por Ana Paula Tabalipa, o coração de Danilo, interpretado por Fábio Azevedo. Mas, mesmo aprontando todas para separar os dois pombinhos da história, a personagem não é a típica vilã das tramas mexicanas, ou seja, má até o último fio de cabelo. Pelo menos é o que garante a atriz, que já tem na ponta da língua as justificativas de todos os atos de maldade de Sílvia. “Ela não age por pura vilania, mas motivada pelo amor”, defende.

Na visão da atriz, Sílvia não é “só” mais uma vilã. “É uma personagem muito rica, ao mesmo tempo dura e amável, má, mas com seus méritos”, garante. Tanta condescendência tem lá suas explicações – o primeiro trabalho de Micaela para compor a personagem foi justamente entender suas razões. “Só assim posso emprestar veracidade a ela”, justifica a atriz, que vê nas idealizações de “mocinha romântica” o lado puro de Sílvia. Mas é justamente pelo amor a Danilo que ela vai caprichar nas artimanhas, chegando a compactuar com o mau-caráter Eduardo, interpretado por Danton Mello. “Como intérprete, tenho de defender as atitudes dela. Questionaria se ela fosse real”, compara.

Corporal

A postura corporal é outro elemento que a atriz procurou explorar bastante na composição de Sílvia. Aliás, como faz com quase todos os seus papéis. Bailarina dos 8 aos 19 anos, Micaela se afastou da dança profissional ao iniciar a carreira de atriz, mas tem cada vez mais firme a certeza de que as duas artes se completam. Tanto que foi o próprio trabalho como intérprete que a estimulou a retomar o contato com a dança, o que ela espera mostrar em breve ao público. Antes do convite para a novela, a atriz já estava ensaiando com a bailarina Kika Parisi um espetáculo que teve de ser adiado para o segundo semestre. “O trabalho de atriz me levou a me relacionar com a dança de um modo que tem mais a ver comigo”, justifica, visivelmente empolgada.

O espetáculo é um dos motivos que fazem Micaela ansiar a volta ao Rio de Janeiro, marcada para logo depois do término das gravações de “Jamais Te Esquecerei”. Outro deles é a vontade de trabalhar com o diretor Jayme Monjardim, que atualmente dirige a minissérie “A Casa das Sete Mulheres”. Foi ele quem a convenceu a largar a dança e estrear como atriz na Manchete. “O Jayme mudou o curso da minha história”, reconhece.

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