Meus leitores foram insultados, diz Paulo Coelho após discussão

“O “Guardian’ diz que insultei leitores de “Ulysses’. E meus leitores, insultados todos estes anos?”, perguntou, no Twitter, o escritor Paulo Coelho, 64. A pergunta tem razão de ser: em artigo assinado hoje pelo crítico e editor de literatura Stuart Kelly, o diário britânico classificou como “insulto aos leitores de Joyce” a opinião do escritor brasileiro em entrevista à Folha de S.Paulo, no último sábado.

Para Coelho, autor de “O Alquimista”, “Ulysses” [do irlandês James Joyce], se dissecado, “dá um tuíte”. “‘Ulysses’ é só estilo; não tem nada ali”, disse ele. Anteontem, o “Guardian” já havia repercutido a notícia em seu site, lembrando que ele não foi o primeiro consagrado ligado à literatura, a criticar “Ulysses”.

Em 2004, o crítico Roddy Doyle causou furor ao declarar que o livro de Joyce careceria de um bom editor que lhe cortasse os excessos. Kelly, por sua vez, além de atacar a opinião de Coelho, classificou a literatura do “mago”, que já vendeu mais de 140 milhões de exemplares em 160 países, de “um caldo nauseabundo de ego e misticismo barato”.

Nas redes sociais, a questão ganhou contorno de disputa entre leitores de um e de outro autor. Não faltou quem defendesse os dois lados da celeuma.

Defesa além-túmulo

Ouvido pela reportagem da Folha, Paulo Coelho declarou que não retira “uma vírgula do que disse”. E, respondendo a uma das críticas levantadas por partidários do irlandês, de que sequer teria lido o livro, ele se defendeu. “Li ‘Ulysses’ porque todo mundo da minha geração tinha a obrigação de fazê-lo, na tradução de Houaiss. E obrigação maior ainda de gostar do que estava ali. Será que Joyce precisa mesmo de defesa além-túmulo?”

Sobre o ataque de Kelly, respeitado crítico de literatura, o escritor discordou do tom usado. “O que mais me surpreende é a argumentação banal. Para defender Joyce (a quem não ataquei), ele me ataca pessoalmente.”

Além do “Guardian”, blogs de literatura como os das revistas “The New Yorker” e “The Atlantic Wire” trataram do assunto nos últimos dois dias.

Paulo Coelho lançou há duas semanas o seu 22º romance, “Manuscrito Encontrado em Accra”.

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