Meio século da arte de Tomie Ohtake no MON

A exposição Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira é um dos grandes destaques deste primeiro semestre no Museu Oscar Niemeyer. O acervo mostra um seleção de trabalhos de 50 anos da produção de uma artista que chega aos 90 anos de vida em plena vitalidade. Tomie Ohtake atravessou continentes, de Kioto (Japão) a São Paulo (Brasil), para concretizar uma obra que se tornou fundamental no processo da arte brasileira da segunda metade do século XX.

A mostra é o resultado de parceria entre o MON e o Instituto Tomie Ohtake, criado em 2001, e reúne mais de 200 obras. A partir de hoje às 20h, e poderá ser visitada até 27 de junho. A trajetória de Tomie começa em 1934, quando ela veio ao Brasil com o único propósito de visitar o irmão em São Paulo. Em virtude da 2.ª Guerra Mundial teve de permanecer no país. Tomie iniciou seu trabalho aos 40 anos, nas horas vagas de uma dona-de-casa. A partir daí, traçou seu caminho “criativo e profundo” no cenário das artes.

Leitora assídua do filósofo Daisetz Suzuki, que divulgou a disciplina Zen no pós-guerra, Tomie acabou por incorporar alguns desses conceitos orientais na própria vida e no método de produzir arte. Tomie Ohtake integrou-se ao ambiente cultural do País e adotou a cidadania brasileira.

Concepção da Trama

Na concepção da mostra, o curador Paulo Herkenhoff considerou essas informações e tomou como fio condutor o fundo espiritual, do qual emergem discussões sobre a persistência do Barroco, as preocupações metafísicas do Moderno, a estética Zen e a espiritualidade perpassada pelas tradições populares, afro-brasileiras e indígena.

O curador lembra que as questões do símbolo e da escritura do “impronunciável” estavam nas preocupações dos artistas da geração de Tomie. Essa conceituação parte do princípio de que “Deus não pode ser descrito, é inconfigurável, indizível e impronunciável”, conforme alguns dos preceitos descritos na tradição do judaísmo, islamismo e cristianismo.

Arte Paranaense

Os oito núcleos que constituem a exposição reúnem mais de meia centena de artistas e arquitetos. Eles integram as diversas correntes e fases, do Barroco ao Contemporâneo, enfocados na exposição. “No processo de elaboração da espinha dorsal da exposição, a pintora foi extremamente prudente na enunciação das afinidades pessoais. Ficou claro que Tomie desejava deixar que a trama de artistas surgisse de questões que fossem levantadas pela curadoria, não por prevalecência de suas relações de amizade”, escreve Herkenhoff no catálogo de apresentação da mostra.

Serviço

Local:

Museu Oscar Niemeyer. Endereço: Rua Marechal Hermes, 999. Telefone: (41) 350-4400. Horário: de terça a domingo, das 10h às 20h. Preços: R$ 4,00 adultos e R$ 2,00 estudantes.

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