No futuro distópico, cidades gigantescas, sobre rodas, perseguem cidades menores para devorar, deglutindo suas riquezas e fontes de energia. A maior dessas cidades é Londres, e nela vive o vilão (Hugo Weaving) que projeta construir uma arma tão poderosa que fará dele o senhor do mundo. Para atingir seu objetivo, ele não vacila em destruir quem se coloca em seu caminho, como Hester, a garota cuja mãe ele matou, ou o jovem historiador que a ela se alia.

continua após a publicidade

Tal é o conflito de Máquinas Mortais, que se filia ao gênero de ficção científica chamado de ‘steampunk’. O termo, no limite, refere-se à tecnologia a vapor e homenageia um tipo de explosão tecnológica pré-digital, quando autores como Jules Verne, ainda no século 19, começaram a imaginar coisas (aviões, submarinos), impossíveis de viabilizar com os elementos então disponíveis. Não deixa de ser um retrofuturismo e um mundo cheio de possibilidades plásticas e dramáticas para visionários como Peter Jackson, que realizou a trilogia O Senhor dos Anéis.

continua após a publicidade

Em 2009, já tendo lançado a sua versão de King Kong e ainda trabalhando no projeto de Um Olhar do Paraíso, que seria lançado em 2009, Jackson adquiriu os direitos do quarteto de ficção científica de Philip Reeve, Mortal Engines. Esperava fazer o filme em seguida, enquanto pré-produzia O Hobbit, que seria realizado por Guillermo Del Toro. Só que Del Toro saltou fora e, com o filme andando, não restou a Jackson outra alternativa do que voltar ao universo de JRR Tolkien. O Hobbit virou trilogia e quando o último episódio, A Batalha dos Cinco Exércitos, foi lançado em 2014, Jackson estava exausto.

continua após a publicidade

Queria descansar desses filmes, mas os direitos de Máquinas Mortais já estavam por vencer. Pressionado, ele buscou um diretor que abraçasse a causa e escolheu seu discípulo Christian Rivers, que nem sonhava com um filme assim grande. O resultado é essa extravagância que estreou na quinta, 10, motivo de chacota de quase toda crítica que tem caído matando sobre o filme. Com bilheterias insatisfatórias, Máquinas Mortais arrisca-se a não decolar como franquia e até a encerrar prematuramente a carreira de Rivers. Seria pena. O filme reúne elementos de várias obras – Star Wars, Mad Max, O Senhor dos Anéis e até Harry Potter (sim!). Dito assim parece um Frankenstein e Rivers, consciente disso, criou o seu Frankenstein na trama – o sinistro Shrike, homem-máquina que move implacável perseguição a Hester, cobrando-lhe uma promessa Shrike mantém vestígios de sua antiga humanidade – como RoboCop. Gigante programado para destruir, ele vacila diante da lágrima da heroína e lhe fornece a chave para impedir que Valentine/Weaving se transforme em Thanatos. O melhor, mais belo e sensível de Máquinas Mortais, é a relação entre Hester e Shrike, mas também existe química entre Hester e Tom.

Quem fornece a voz ao terrível robô é Stephen Lang, o militar enlouquecido que tenta destruir a árvore da vida em Avatar, de James Cameron. O casal de humanos é formado por Hera Hilmar e Robert Sheehan. Há algo de Bumblebee – a heroína poderosa, a máquina que, no limite, se solidariza com o humano. E, claro, toda a parafernália tecnológica – a imaginação é o limite – que tem caracterizado as megaproduções de Peter Jackson, como criador de mundos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.