Mais uma vez de pires na mão

O filme você já viu, com os mesmos personagens: a diretora geral da Araucária Produções, Cloris Ferreira, de porta em porta, atrás de patrocínio para um festival. Só que no lugar de cinema e vídeo, o evento agora é de música de câmera. A onze dias do seu início, o 4.º Festival de Música de Câmera de Curitiba, Jazz e MPB, previsto para acontecer do dia 22 a 27, corre o risco de não acontecer por falta de verba.

Aprovado pela Lei Rouanet e orçado em R$ 150 mil – R$ 300 mil a menos do que foi gasto no ano passado -, o evento ainda não foi abraçado por nenhum empresário privado ou diretor de estatal. Apenas a Universidade Federal do Paraná, através do seu Departamento de Artes, apóia a iniciativa. “Já sacrificamos nossa programação de jazz e MPB, que era para ter nomes como Hermeto Pascoal e Guinga, e estamos com o mínimo necessário para fazer um festival de qualidade, sem nenhuma purpurina”, garante a diretora.

Toda a programação já está fechada, incluindo grandes nomes nacionais, como o Quarteto Paulo Bosísio (SP), Quaternaglia (SP), o Quinteto Brassil (PB) e os duos cariocas José Hue & Kátia Balloussier e Aura, e internacionais, como o chileno Ensamble XXI e o franco-brasileiro Berimbaron. “Só falta o pontapé inicial, que depende da boa vontade dos empresários”, explica Cloris.

O festival de Cloris difere da fase erudita da Oficina de Música de Curitiba, realizada pela Fundação Cultural de Curitiba em janeiro, por apoiar-se no conceito do intercâmbio artístico, realizado através das contrapartidas proporcionadas pelos grupos convidados aos jovens instrumentistas que inscrevem-se nos concursos. Assim, alunos que se destacam nas oficinas e workshops são convidados a fazer cursos nas cidades que abrigam as sedes dos grupos convidados, pagando apenas as passagens. “Foi assim que o grupo de percussão da UFPR fez um estágio de seis meses na França, com o Berimbaron”, lembra a diretora.

A maior parte dos músicos convidados vem por puro altruísmo, já que o cachê fornecido por Cloris é irrisório: R$ 1.700 para cada músico estrangeiro, e R$ 1.500 para os brasileiros.

Cloris informa que o seu “deadline”, a data-limite para a obtenção de patrocínio, é o próximo dia 15. E lembra que parte da renda será revertida à Apave, associação que cuida de crianças portadoras do vírtus HIV.

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O telefone da Araucária Producões é (41) 336-1539, e o site, www.araucariaproducoes.com.br.

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