Mais um passeio de Jim Jarmusch com a guitarra

A veia musical de Jim Jarmusch data do final dos anos 70, quando o então desconhecido diretor começou a fazer seu nome ao integrar a vanguarda punk nova-iorquina. Jarmusch tocou teclado no Del Byzanteens, grupo de no-wave (variante experimental do new wave, que adaptou melodias atonais e ruídos aos ritmos que influenciavam o rock da época) e fez filmes dentro das diretrizes do gênero (ou seja, “no” diretrizes) com músicos da cena. Foi então que o diretor conheceu Josef Van Wissem, alaudista holandês de viés experimental com quem colabora no disco Concerning the Entrance to Eternity, lançado esta semana e disponível pela iTunes Store. O trabalho é centrado sobre o alaúde de Van Wissem, conhecido por buscar novas maneiras de adaptar o clássico instrumento ao experimentalismo moderno. É de Van Wissem, por exemplo, o disco Retrograde Renaissance Lute, em que inverteu, recortou e recombinou peças renascentistas, tocando os trechos de trás para frente. Em outros trabalhos, o alaudista experimenta com técnicas de gravação de campo e improvisações.

Seria razoável, considerando o currículo musical dos dois, esperar que o disco enveredasse pelo experimentalismo radical. Mas o tom em Concerning the Entrance to Eternity é meditativo, tonal. Van Wissem estabelece figuras cíclicas com seus dedilhados e Jarmusch passeia com uma guitarra, flertando com a microfonia, entre os acordes. Improvisos despretensiosos, às vezes com uma certa falta de foco característica de amadores, predominam. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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