Em uma entrevista que deu durante o Festival de Cannes, em maio, Pedro Almodóvar contou como foi sofrido o processo de criação de Má Educação, que estréia hoje nos cinemas brasileiros, após ser exibido com êxito de público no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo. Não é um grande Almodóvar, apesar de tudo o que você possa ler (e ouvir) em contrário, embora possua grandes cenas. Almodóvar falava no seu sofrimento e Javier Cámara, o enfermeiro de Fale com Ela, que estava passando por ali na hora, lhe disse -“Não minta, Pedro.” Ele riu. Pois a verdade é que boa parte das dificuldades que Almodóvar enfrentou na realização desse filme foram desarmadas, segundo ele mesmo, pelo humor.

Baseado nos abusos que ele próprio sofreu, quando menino por parte de padres, na escola que freqüentou, Má Educação nasceu sob o signo do rancor. Foi um roteiro que o diretor reescreveu muitas vezes ao longo dos últimos dez ou 12 anos. Almodóvar começou escrevendo uma história realmente autobiográfica, um ajuste de contas rancoroso e cheio de culpa. Arquivou-o, mas volta e meia voltava àquele escrito. Só bem mais tarde ele descobriu que, para ter distanciamento, precisava transformar a própria história numa ficção. Transformou Má Educação numa investigação de gêneros típica de seu universo – filme noir, melodrama.

O filme já rodou os festivais do Rio e de São Paulo. Em Curitiba é novidade. Para um público que gosta de Almodóvar.

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