Luiz Melodia, harmonia e suingue

Passada a ressaca de dois anos pelo sucesso do disco e da turnê Acústico Ao Vivo – o álbum de 1999 vendeu mais de 100 mil cópias -, Luiz Melodia volta à estrada com o show do seu trabalho mais recente, Retrato do Artista Quando Coisa, lançado no ano passado pela Indie Records. O cantor e compositor carioca se apresenta amanhã às 21h no Canal da Música, no projeto Estação Mix, parceria do Canal da Música com a Rádio Educativa de Curitiba.

Para quem esperava um “repeteco” da fórmula consagrada do acústico, responsável pela maior vendagem dos seus mais de trinta anos de carreira, Luiz Melodia surpreendeu com treze músicas inéditas (oito de sua autoria), em que passeia com elegância por ritmos como funk, soul, hip hop, reggae, baladas, jazz, samba de gafieira e até bolero. No lugar das cordas intimistas do Acústico, metais, bateria eletrônica e até beatbox (percussão feita com a boca, presente na canção Feeling da Música).

Porém, quem acompanha a carreira de Melodia um pouco mais de perto sabe que essa “ousadia” não chega a ser novidade. A versatilidade e o inconformismo sempre foram marcas registradas do artista, que cresceu no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro, ouvindo Ismael Silva, Noel Rosa, Geraldo Pereira, Jorge Ben e a turma da Jovem Guarda. Difícil acreditar, mas Luiz Melodia já foi até roqueiro – na juventude, liderou a banda Os Instantâneos -, passou pela bossa nova, samba, pop, funk, baião e jazz. Talvez isso explique a capacidade de adaptação e de sobrevivência do seu repertório no cenário contemporâneo.

No disco novo, Melodia aventura-se por praias inusitadas, como o hip hop – guiado pelo filho, o rapper Mahal, que faz uma participação especial na música Lorena. Volta-se à família novamente em Sempre Comigo, uma homenagem à sua mulher, Jane, e na faixa-título, Retrato do Artista Quando Coisa, versão musicada de um poema de Manoel de Barros, com uma linha melódica bem ao estilo do pai de Luiz, o saudoso sambista Oswaldo Melodia.

Sem hits

Que ninguém espere de Luiz Melodia um pout-pourri com os seus maiores sucessos no Canal da Música. Avesso a rótulos e convenções, o músico preparou um repertório composto quase que exclusivamente pelas músicas novas. Exceção honrosa feita a Pérola Negra, clássico indispensável de 1975. Ou seja, nada de Negro Gato, Vale Quanto Pesa, Estácio Holy Estácio, Juventude Transviada… “É só uma vontade de fazer o repertório desta forma”, justifica Melodia, que pode até “provocar” o público com uma versão a capella de algum hit, como fez com Estácio Holy Estácio no último dia da temporada no Teatro Rival, no Rio de Janeiro. No show de amanhã, Melô estará acompanhado de Bocão (trombone), Nelson Henrique (trompete) e Marco Túlio (saxofone), além do parceiro Perinho Santana (guitarra), José Luiz Maia (baixo), Élcio Maia (bateria) e Itamar Assiére (teclado).

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O Canal da Música fica na Rua Júlio Perneta, 695, nas Mercês.

Ingressos a R$ 20, R$ 15, R$ 10 e R$ 5 (limitados para estudantes).

Informações pelo telefone (41)331-7500.

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