Longa ‘Até que a Sorte nos Separe 2’ estreia

Vai ser o maior lançamento de um filme brasileiro – 734 salas, mais do que as 700 e tantas de “Tropa de Elite 2”. Até pouco antes do Natal, a produtora Downtown e a distribuidora Paris ainda recebiam pedidos de integração ao monumental circuito que vai exibir “Até que a Sorte nos Separe 2”. Após o estouro de “Até que a Sorte nos Separe” – uma das grandes bilheterias do ano que se encerra -, todo mundo quer entrar bem em 2014 com Leandro Hassum. Ele é o homem.

O próprio Leandro relaxa. Terminou de rodar “Os Caras de Pau – O Filme” e se mandou para sua casa em Miami. “A gente faz o melhor que pode, mas chega um momento em que não faz mais nada. Só espera.” O momento é este. “Até que a Sorte 2” vai tomar de assalto o circuito exibidor. Um blockbuster brasileiro com números de blockbuster hollywoodiano. A Paris e a Downtown aprenderam a fazer esses lançamentos gigantescos. O segredo é o mesmo de Hollywood – ocupar o maior número de salas para forçar o faturamento no primeiro fim de semana.

“Até que a Sorte 2” foi projetado para ser grande, e cresceu mais ainda. O diretor Roberto Santucci, que também fez o 1, beneficia-se do sucesso. “O faturamento do 1 aumentou os recursos do 2. Com mais dinheiro, deu para fazer um filme melhor e mais caprichado.” Ele não exagera. É a lógica do mercado. A própria Lina Chamie não se queixa. “Somos loucos – eu porque fiz o São Silvestre, você porque dá toda força ao filme”, ela disse à reportagem. “São Silvestre” é um acontecimento, uma epifania. Mas “Até que a Sorte 2” não deixa de ser outro acontecimento, e de outra natureza. O 2 é melhor que o 1, como “De Pernas pro Ar 2” também é melhor que o 1. Roberto Santucci fez os quatro. É o rei Midas do cinema brasileiro.

Ele defende sua criação e até apresenta motivos para explicar o tropeço em sua carreira recente – “Eu Odeio Dia dos Namorados”, feito com o mesmo empenho, apresentou números decepcionantes. Além de um elenco ‘menos aquecido’ – um jargão de mercado -, o filme não tinha a mídia da Globo Filmes, e isso, sim, faz a diferença, embora Santucci, e todo o cinema brasileiro tenham a experiência de que nem a Globo salva, quando (ou se) o filme não corresponde à expectativa do público.

“Até que a Sorte 2” repete o ponto de partida do 1, só que maior. Você se lembra – o casal Leandro Hassum/Danielle Winits ganhava na loteria, ficava rico, mas gastava tudo, até o último centavo. Eles começam o 2 pobres (de novo) e ganham uma herança, do tio rico de Danielle. Ops, Danielle caiu fora, substituída por Camila Morgado. Escalada para a atual novela das 9, Danielle não poderia cumprir o cronograma da filmagem no exterior.

O achado de “Até que a Sorte 2” ocorre de cara, nos primeiros minutos – como justificar a presença de Camila Morgado no lugar de Danielle Winits? Afinal, não se mexe em time que está ganhando… A solução nasceu durante as leituras de mesa que Santucci gosta de fazer com seu elenco, antes da rodagem, e é tão simples quanto engenhosa. Um movimento de câmera, uma frase de diálogo explicam tudo. E a ideia não foi do diretor. “Nasceu no grupo. O que é bom, a gente aproveita”, diz Santucci e essa é a tônica do profissionalismo que ele (e outros…) vem imprimindo ao cinema brasileiro. Várias outras ideias também foram agregadas – filmar no Venetian, o hotel que reproduz a cidade italiana, com gôndolas e tudo; e ter Jerry Lewis no papel do ‘bellboy’, o mensageiro.

Jerry Lewis aparece pouco, mas suas cenas fazem toda a diferença, como as de Camila. “A Danielle é ótima, mas a Camila tem aquela coisa intensa, dramática, do Olga. Não duvidava que ela também soubesse fazer comédia, mas o bom é que Camila, segurando o humor, trouxe um fundo de drama que torna os problemas familiares mais consistentes”, avalia Hassum. Ele curte o humor familiar, aquela coisa dos “Trapalhões” (‘da grande fase’, ressalta). Alguns colegas humoristas o acham ingênuo demais, numa &e,acute;poca em que outras comédias apostam na grossura (e no sexo). “Não faz mal, eu gosto de fazer e de ver cinema em família”, define Hassum. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

ATÉ QUE A SORTE NOS SEPARE 2

Direção: Roberto Santucci. Gênero: Comédia (Brasil/2013). Classificação: não informada.