Livro resgata obra de Poty

São Paulo

  – Gravurista, ilustrador e muralista, o curitibano Poty Lazzaroto (1924-1998) nasceu no dia do aniversário de sua cidade natal. Hoje a cidade rememora os cinco anos de morte de seu artista dileto. Napoleon Potyguara Lazzaroto está para Curitiba como Gaudí para Barcelona. Seus vitrais e murais – em azulejos coloridos ou concreto – podem ser vistos em vários pontos da cidade e contribuem enormemente para a sua decantada beleza.

Se Poty tratou bem a cidade na qual nasceu – retratando sua gente, suas belezas naturais e sua arquitetura em seus murais -, a recíproca também é verdadeira. No seu caso, não vale a máxima de que santo de casa não faz milagre. Além da cuidadosa manutenção de suas obras, outras continuam sendo criadas mesmo depois de sua morte.

Em março deste ano, no aniversário de 310 anos da cidade, foi inaugurado mais um mural do artista, no Mercado Municipal. Em azulejos coloridos, o painel de 33 metros quadrados retrata um comerciante oriental em sua banca de hortigranjeiros. A obra foi feita a partir de um desenho inédito do artista, pertencente a um colecionador que preferiu não ser identificado. O painel foi confeccionado pelos artistas plásticos Elvo Benito Damo e Maria Helena Saparolli. E a fase final de sua obra como gravurista – as cores explodiram nas últimas gravuras de Poty, na década de 90 – ganha um importante registro. Regina de Barros Correia Casillo, fundadora da Associação Cultural Solar do Rosário, acaba de lançar o livro Poty – O Lirismo dos Anos 90 (R$ 40, 55 págs.). Uma belíssima edição, com reproduções em papel cartão e excelente definição de serigrafias e gravuras coloridas, criadas pelo artista nos últimos anos de sua vida.

Filho de italianos, Poty desenhava compulsivamente desde os 5 anos. Seu pai era ferroviário e sua mãe mantinha um restaurante, o Vagão do Armistício, freqüentado por intelectuais paranaenses. Aos 18 anos, através de um dos clientes do restaurante, o interventor Manoel Ribas, Poty conseguiu uma bolsa de estudos para o Liceu de Artes e Ofícios, no Rio de Janeiro, onde estudou com o mestre gravurista Carlos Oswald. Em 1946, ganhou nova bolsa para estudar na Escola Superior de Belas Artes, em Paris.

Voltou ao Brasil em 1948 para dedicar-se integralmente ao seu ofício. Ilustrou livros de Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Euclides da Cunha e Gilberto Freyre, entre outros. Como muralista, tem obras no Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo – desde monumentos públicos, como os painéis Índios e Construtores do Progresso, no Memorial da América Latina, até em locais privados, como o painel com motivos incaicos na Fábrica da Bosch, em Campinas. E ainda em Paris e Portugal.

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O volume só está à venda no Solar do Rosário, que fica na Rua Duque de Caxias, 4, no centro histórico de Curitiba. Telefone (41) 225-6232.

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