Living Colour lança CD e se apresenta no Brasil

Em 1995, o guitarrista Vernon Reid falou à revista “Performance” sobre o que o fez dissolver a banda Living Colour, reunida dez anos antes. “Eu não estava mais me divertindo. A mágica já não estava ali há um bom tempo. Tomei minha decisão de noite. Tenho lutado contra isso, atormentando minha alma durante quase um ano. Ao mesmo tempo que o senso de unidade e propósito do Living Colour estava se tornando fraco e difuso, eu estava encontrando mais e mais satisfação criativa nos meus projetos-solo. Finalmente, tornou-se óbvio que eu tinha de largar a banda e ir adiante.”

Esqueça tudo isso. Outros dez anos depois, eis o Living Colour de volta, com seu hard-funk, seu rock suingado e o fraseado típico da música black americana, a despeito daquele adeus drástico de Reid. E volta exatamente como era quando foi criado: com Vernon Reid (guitarra), Corey Glover (vocais), Doug Wimbish (baixo) e Will Calhoun (bateria), mostrando o show que apresenta seu disco do retorno, Collideoscope, lançado no Brasil, este mês pela Century Media).

“É um disco sobre medos. Há um monte de tipos de medo descritos nas canções escolhidas. Vivemos com medo: da guerra, da morte, de terremoto, de incêndios, de afogamento. O medo, para mim, representa a vontade de viver. É por isso que escolhemos as duas covers que estão no disco, Tomorrow never Knows, dos Beatles, e Back in Black, do AC/DC. Ambas tratam desse espírito comum, que norteia o disco”, disse em entrevista o guitarrista Reid, falando de sua casa em Nova York por telefone.

Uma das principais atividades do reformado Living Colour foi uma participação no disco Falange Canibal, de Lenine, há três anos. Mas isso não implica numa jam obrigatória na turnê brasileira do grupo. “Não fizemos planos quanto a isso. Foi muito legal tocar com ele, é um grande cantor. Mas você deve levar em conta também que temos trabalhos com outros brasileiros como Romero Lubambo e Arto Lindsay. Nem por isso há um compromisso de tocarmos juntos”, afirma.

O Living Colour teve, no início de carreira, uma relação bem próxima com os Rolling Stones. O grupo tocou no disco-solo de Mick Jagger, “Primitive Cool”, em 1986. Em 1988, Reid tocou na estréia-solo de Keith Richards, “Talk Is Cheap”. No mesmo ano abriram a turnê Steel Wheels, da banda inglesa.

Mas foi em 1989, com o hard rock “Cult of Personality” (que sampleava parte de um discurso do presidente americano John F. Kennedy) que eles passaram a referência no rock americano. Dali em diante, subiram que nem foguete. Reid fez quatro faixas para um disco de B.B. King; ganhou o título de melhor guitarrista na eleição da Rolling Stone de 1990.

Na semana que vem, o Living Colour toca no Rio (Canecão – dia 22), em Curitiba ( Moinho São Roque – dia 23) e Porto Alegre (Gigantinho – dia 24). Os ingressos para o show curitibano já estão à venda.

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