A professora de balé Rosane Castro Neves, ex-mulher do músico Lincoln Olivetti, que morreu na terça (13) de enfarte, disse que ele era cardíaco e não se cuidava. “Os amigos é que cuidavam dele, levavam ao médico, ao dentista. Ele era cardíaco desde 1995”, contou ela, que foi casada com Olivetti entre 1997 e 2007. O tecladista, produtor e arranjador completou 60 anos em 17 de abril de 2014.

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“Ele estava em casa, trabalhando, fazendo arranjos com dois amigos, quando passou mal. Os amigos então ficaram com ele. Lincoln deitou na cama e teve o enfarte. Pelo menos não sofreu”, disse ainda. O músico deixou cinco filhos adultos, sendo que dois seguiram seus passos e estão no meio musical: a DJ Mary Olivetti e o cantor MC Olivetti.

O corpo será enterrado nessa quinta, 15, às 16 horas, no cemitério São João Batista, no Rio. Um de seus amigos mais próximos, o compositor Michael Sullivan, ficou devastado, além de surpreso. “Foi repentino. Falei com ele há um mês, porque iríamos fazer dois arranjos juntos, e ele estava bem, com a voz normal. Nem sabia que ele era cardíaco. Ele escondia as coisas, fazíamos de tudo para levá-lo ao médico. Eu marcava e ele não ia. Comia tudo o que tinha direito, era difícil, assim como o Tim (Maia).”

Sullivan era próximo de Olivetti desde 1977, quando passaram a produzir trabalhos juntos. “Mais de 90%” dos seus clássicos, lembra-se, foram em parceria com o amigo.

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“Minha música está pela metade. Era como se a gente fosse um só, passávamos dias e noites trancados sozinhos, tínhamos discussões musicais de alto nível. Eu era a melodia e ele, a harmonia. Para mim, é um dos dias mais tristes da minha vida, é como perder um irmão. Desarmonizou minha arte, muito mesmo”, desabafou.

No perfil de Olivetti no Facebook, amigos deixaram mensagens carinhosas, que destacaram sua originalidade e capacidade produtiva – foram mais de 30 anos de atividade, iniciada em bailes de subúrbio no Rio, e trabalhos com praticamente todos os grandes da MPB, como Roberto Carlos, Gal Costa, Tim Maia, Gilberto Gil, Jorge Ben Jor, Lulu Santos e Rita Lee.

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O cantor Ed Motta, seu fã, escreveu um longo texto no qual afirma que ele “merece uma homenagem gigante, ser nome de algo que represente competência e futuro”.

“O cara que formatou a música brasileira no padrão de disciplina gringo, na forma de compor, arranjar, tecnicamente em qualquer sentido. Estou muito triste, mas uma força artística como a dele já é parte do todo, é mais do que uma figura de santo, é gigante, é o todo, do copo d’água até o oceano”, escreveu ainda Ed Motta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.