Karina Bacchi sonha mesmo é com papel de vilã

A deficiente física Sabrina, que entra no ar na segunda fase de “Marisol”, não é a personagem dos sonhos de Karina Bacchi. Ela ainda espera a chance de viver uma grande vilã. Mesmo assim, a atriz tem exibido um largo sorriso, que vai de uma orelha à outra. Isso porque a introvertida e amargurada personagem satisfaz, pelo menos, o desejo da atriz, que é mostrar, pela primeira vez, um trabalho que pode valorizar a interpretação.

“Eu queria fazer algo que não aproveitasse a imagem da bonitinha, da bonequinha”, confessa Karina, reconhecendo que a beleza, um elemento essencial em todos os seus trabalhos, tem também seus efeitos colaterais. Embora esse “problema” seja quase inevitável para quem despontou na carreira de modelo aos 14 anos de idade.

Na novela do SBT, Karina vai viver uma jovem que sofre por um defeito em uma das pernas, seqüela de um acidente de carro no qual perdeu os pais. A atriz começou a gravar no início do mês e sua maior dificuldade tem sido acostumar-se à tala que usa para compor a personagem. Um elemento que o diretor geral da novela, Henrique Martins, sugeriu dispensar. “Mas eu achei que me ajudaria a entender as limitações da Sabrina”, explica. A tala impede que a atriz dobre a perna.

Sofrimento duplo

Ainda nos capítulos iniciais de sua participação, Karina tem se ocupado com o sofrimento de Sabrina. Além de penar com o defeito na perna, que a faz se sentir rejeitada e deslocada entre os amigos, ela ainda encara a morte de seu grande e platônico amor, Diogo, personagem de César Pezzuolli. Desiludida, foge para um convento, onde passa a levar uma vida reclusa. Buscando alguma semelhança com a personagem, Karina se diverte ao lembrar que estudou 10 anos em um colégio de freiras em Botucatu, no interior paulista. “Não vou nem precisar de laboratório”, brinca.

Mas o hábito de freira e a tala na perna não vão disfarçar a beleza da intérprete por muito tempo. Uma milagrosa operação vai pôr fim ao defeito que amargura Sabrina e um novo e grande amor vai tirá-la do convento. Ou seja: o fim da experiência que tanto instiga a atriz vai ser mais uma mocinha bela, apaixonada e com garantias de um manjado final feliz.

Nada muito distante do que ela já interpretou na tevê desde a estréia como Renata, jovem aficcionada por esportes radicais na novela “Vidas Cruzadas”, da Record, em 2000. Em 2001, Karina viveu a “patricinha” Mônica, de “Pícara Sonhadora”, novela do SBT. Na Globo, fez duas participações especiais – em “O Clone”, como a exuberante muçulmana Muna, e em “O Quinto dos Infernos”, minissérie de 2001, em que interpretou Letícia, uma das inúmeras amantes de Dom Pedro I, feito por Marcos Pasquim.

Nova fase

Ao ser chamada para voltar ao SBT, Karina chegou a titubear. Como não sabia que “Marisol” teria uma segunda fase, a atriz achou que faria mais uma aparição-relâmpago. “Depois de duas participações, queria muito fazer parte do elenco fixo de uma novela. Ainda mais no SBT, onde já tive esta oportunidade”, esclarece. As dúvidas acabaram quando ela soube que entrariam 28 novos personagens, depois de uma passagem de tempo de 16 anos. “É quase uma outra história. Com a vantagem de que a novela já conquistou o público”, acredita a atriz, garantindo não estar ansiosa com a estréia da segunda fase, que deve acontecer no final de agosto a data ainda não foi definida pela emissora.

Desde que começou a se dedicar às novelas, Karina tem deixado um pouco de lado a carreira de modelo. Atualmente, porém,a atriz pode ser vista num anúncio da Fiat como “a vizinha boazuda”, que deixa pai e filho perplexos enquanto lavam o carro no jardim de casa. Depois de “Marisol”, o currículo de atriz vai ganhar mais um reforço. Karina foi selecionada num teste para um papel num longa-metragem de “um diretor que trabalha há anos com cinema”. Ela afirma, no entanto, que ainda precisa manter o projeto em segredo. “Só posso adiantar que vou voltar a ficar loira”, arremata, referindo-se aos cabelos tingidos de preto desde que viveu a muçulmana Muna, em “O Clone”.

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