Juca de Oliveira no Teatro Fernanda Montenegro

Um encontro entre amigos no teatro para discutir temas variados, como política, família e sexo. Para esse encontro, o ator Juca de Oliveira aposta no riso como chave eficaz para a reflexão e convida o público curitibano para conferir a peça Happy hour, em cartaz hoje e amanhã na cidade.

Críticas políticas com humor, inclusive ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dão o tom do espetáculo. Autor do texto, Juca é dirigido por Jô Soares, seu amigo de longa data e com quem já fez a mesma dobradinha em uma peça anterior, Às favas com os escrúpulos.

“O Jô escolheu alguns de meus textos e eu não tive como recusar o convite”, conta o dramaturgo. “Você não escreve porque quer, mas porque é quase uma necessidade biológica, fisiológica, algo que você precisa fazer”, completa o ator.

Mesmo com tantos anos de experiência em teatro e na televisão, Juca encara esse espetáculo solo que faz em Happy hour como um novo desafio. “Todo ator encara aquele nervosismo inicial instantes antes de entrar em cena. Mas, a princípio, fiquei em pânico para fazer um espetáculo solo. Só tinha feito isso uma vez, na década de 1970, na peça Corpo a corpo, dirigida por Antunes Filho, mas mesmo assim com a estrutura dramática de teatro. Dessa vez são meus próprios textos, o que aumenta a insegurança”, admite.

O conceituado ator ainda demonstra modéstia ao falar do próprio trabalho. Os ensaios duraram meses, até que Juca estivesse absolutamente seguro do que fazer em cima do palco.

“Ensaio até a exaustão. Posso errar por falta de talento, mas não por falta de técnica”, foi a frase que repetiu várias vezes, enquanto concedia entrevista a O Estado.

Novos projetos

Depois de explorar o riso, o próximo projeto da parceria Jô-Juca pode ser uma tragédia, que ainda está sendo construída por Juca e que pretende explorar o período de repressão e tortura da década de 1970 no Brasil.

“O fundamental eu já sei, que é como a peça acaba. Isso é o principal, como num jogo de xadrez. O grande erro de muitas pessoas que escrevem para teatro é não saber como a trama vai acabar”, observa.

Hoje, Juca admite privilegiar o teatro na escolha de seus trabalhos. “Quando estou fazendo novela, não consigo escrever, porque tenho que decorar as falas para o papel. Minisséries já permitem uma liberdade maior, até por conta da sua natural menor duração. Então prefiro não fazer novela para privilegiar as duas coisas que mais gosto, que é escrever e atuar no teatro”, relata Juca.

A turnê já passou por São Paulo e Porto Alegre. Depois de Curitiba, o espetáculo ainda terá apresentações em Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza, Maringá, Campo Grande, Cuiabá, Brasília e Rio de Janeiro.

Serviço

Happy hour, com Juca de Oliveira. Hoje, às 21h, e amanhã, às 19h, no Teatro Fernanda Montenegro, Shopping Novo Batel (Al. Dom Pedro II, 255 Batel).