O jornalista Jorge Kajuru anda batendo um bolão. Desde que assumiu o comando do Esporte Total, o telejornal esportivo da Band pulou de três para cinco pontos no Ibope. Não demorou muito para o apresentador assumir também um quadro esportivo no novo Jornal da Band, agora sob comando de Carlos Nascimento. Parece muito, mas, no último domingo, ele participou ainda do Fogo Cruzado, versão menos “cult” do Manhattan Connection, da GNT, ao lado de outros contratados da Band, como José Luiz Datena e Astrid Fontenelle. Hoje, o aparentemente incansável Jorge Kajuru estréia à frente do Show de Bola, o mais novo programa de debate esportivo da tevê brasileira.

“A Band já está renegociando meu contrato. Mas não me preocupo com dinheiro. O que me preocupa mesmo é a superexposição. Não gosto da idéia de ficar tanto tempo no ar”, admite ele, que tem proposta para comandar um programa também no BandSports, o A Bola e a Fera.

Embora seja difícil de acreditar, Jorge Kajuru garante que o seu Show de Bola vai fugir da mesmice reinante nas mesas-redondas. De diferente mesmo, porém, só o horário de exibição. Para escapar do confronto direto com similares do gênero – como Bola na Rede, da Rede TV!, e Terceiro Tempo, da Record -, o Show de Bola vai ao ar às 19 h. A tempo, ressalva Kajuru, de mostrar os principais jogos da rodada e, principalmente, de entrevistar os jogadores direto dos estádios. “Ninguém agüenta ficar vendo mesa-redonda até meia-noite. O pessoal se esquece que o torcedor tem de trabalhar cedo na segunda”, argumenta.

Como sempre

No mais, o Show de Bola repete um formato já consagrado na tevê brasileira desde os tempos do antológico Mesa-Redonda Facit, programa de debate exibido pela TV Rio nos anos 60 e que reunia “craques” da crônica esportiva como Nelson Rodrigues e João Saldanha. Com algumas diferenças, enfatiza Kajuru. A começar pela presença feminina no programa. “Na maioria das vezes, mulher em mesa-redonda só serve para dar beijinho em jogador ou ficar entregando jabá. Quero mostrar que mulher também pensa e entende de futebol”, alfineta. Para tanto, Kajuru pensou em convidar Soninha, ex-apresentadora da Cultura, para integrar a bancada. Mas desistiu quando soube que ela vai se candidatar a vereadora nas próximas eleições. Em seu lugar, chamou Renata Cordeiro, ex-Sportv.

Disputa

Outra diferença substancial, acrescenta ele, diz respeito aos convidados propriamente ditos. “Não quero quantidade, quero qualidade. No meu programa, todo mundo vai ter oportunidade de falar”, promete. Mais do que depressa, Kajuru já escalou o que considera o “dream team” do Show de Bola: os jornalistas Juca Kfouri, José Trajano e Armando Nogueira e os ex-jogadores Tostão e Gérson. “Como todos eles têm outros compromissos profissionais, não sei se as emissoras vão liberá-los sempre”, ressalva. Mesmo assim, não custa tentar. Como não custa, também, entrar na tão acirrada disputa dominical bem na hora do Domingão do Faustão, da Globo, e do Domingo Legal, do SBT. “Não tenho a obrigação de ganhar de nenhum dos dois. Imagina… O público deles é diferente do meu. Quero, sim, brigar pelo terceiro lugar”, avisa.

Esbanjando autoconfiança, Kajuru está satisfeito com a atual fase profissional. A lamentar mesmo só a decisão da Band de arquivar o projeto do Tela Total, programa dominical de variedades que reuniria ele e José Luiz Datena. “Infelizmente, a Band preferiu dar o domingo para a Márcia. Paciência! Se fôssemos nós, estaríamos brigando de igual para igual com Gugu e Faustão. O Datena é melhor do que os dois juntos”, exagera. Mesmo assim, Kajuru não tem do que se queixar. No ano em que completa três décadas de carreira, orgulha-se de nunca ter feito, por exemplo, um “merchandising” sequer na vida. Só nos últimos três anos, jura, recusou propostas que, juntas, somariam R$ 3 milhões. “Foi bom chegar onde cheguei sem ter de agradar a ninguém a não ser eu mesmo. Se tivesse de parar hoje, pararia feliz”, gaba-se.

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