?O governo é o que merecemos, os serviços são os que merecemos, as cidades são as que merecemos. Claro, poucos de nós reconhecem que temos alguma coisa a ver com o que ocorre, mas temos, afinal, somos cidadão e partes desse todo de que nos queixamos. Tenho certeza de que acharíamos formas de afirmar e exercer plenamente nossos direitos, se nos dispuséssemos a isso, mas o problema é que já nos acostumamos, a gente se acostuma a tudo.?

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Assim termina A gente se acostuma a tudo, texto de abertura que batiza o livro de 48 crônicas que João Ubaldo Ribeiro lança, pela Nova Fronteira, em plena campanha eleitoral. Publicados originalmente nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, os textos analisam, como diz o título de um deles, O governo Lula de um boteco do Leblon.

Apesar de bem-humorados, não poupam as elites, nem escondem a decepção com o governo petista e os recentes escândalos de corrupção. Desiludido, Ubaldo chega a confessar, em uma das crônicas, ter saudades do governo Fernando Henrique e dos tucanos.

As críticas do escritor baiano, considerado um dos maiores prosadores da literatura brasileira, são orientadas pela preocupação com a ética e a cidadania. Daí a seleção também conter, apropriadamente, crônicas que destacam a política do cotidiano, em que mostra que a corrupção das pequenas coisas, praticada em maior ou menor grau por todos os brasileiros, acaba espelhando e sustentando a corrupção dos grandes escândalos, estampada recentemente nos maiores jornais do País.

Serviço

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Título: A gente se acostuma a tudo.
Autor: João Ubaldo Ribeiro
Formato fechado: 14 x 21
N.º de páginas: 224. Preço de capa sugerido: R$ 23,90.