‘Jauja’ é um gigante pela ousadia e criatividade

Comparados ao êxito planetário de Relatos Selvagens – os milhões de espectadores que a comédia de Damián Szifron fez na Argentina e multiplicou pelo mundo -, os 13 mil pagantes que viram Jauja parecem bem modestos, quase irrisórios. Não é o que pensa o diretor Lisandro Alonso. “É mais do que todos os meus filmes precedentes fizeram juntos”, revela. Refere-se a La Libertad, Los Muertos, Fantasma, Liverpool. Todos esses filmes podem ser o segredo mais bem guardado do cinema argentino – mas ele já vazou. O nome de Lisandro Alonso é uma potência em festivais internacionais. Jauja teve – está tendo – excelentes críticas na Europa e nos EUA.

Embora não deva ser negligenciado, o sucesso de público não pode ser o único nem mesmo um critério relevante para a apreciação estética de um filme. Existem filmes que arrebentam na bilheteria e são grandes. Existem outros que são medíocres. “Francamente, tenho de dizer que Jauja superou minha expectativa. Foi muito bom trabalhar com Viggo (Mortensen) e ele, como ator e produtor associado, não apenas se engajou e militou no projeto como tem sido um entusiasta defensor do filme como uma das melhores coisas que fez. Viggo tem viajado muito para divulgar Jauja. Eu mesmo fui a muitos festivais desde Cannes, no ano passado. E vou confessar – Jauja me deu tanto trabalho, mas também tanta satisfação, que estou paralisado. Não sei o que fazer a seguir. Não quero fazer nada antes de avaliar bem essa experiência.”

Justamente, avaliar. Jauja é um filme que foge não apenas aos padrões do cinema comercial, mas também no narrativo. O filme inspira-se em fatos que ocorreram na Argentina – a campanha do deserto, as guerras contra os índios no século 19.

Acompanha um militar dinamarquês (Viggo) que participa da campanha. Ele tem uma filha. A garota desaparece. O pai move céus e terra. E, aí, entra numa gruta, uma caverna. O filme sofre uma ruptura. Ganha outra paisagem, outro tempo. Alonso tem dificuldade para explicar racionalmente o que fez. “Nem é minha função”, provoca.

O repórter cita outro filme com a mesma ruptura – Mal dos Trópicos, de Apichatpong Weerasethakul, que também assistiu em Cannes. A entrevista está sendo feita por Skype. Alonso pede licença e sai da tela por alguns instantes. Volta com um catálogo na mão. “Consegue ler?” Maladie Tropical/Mal dos Trópicos, de Apichatpong Weerasethaul. “Esse filme mudou minha vida!”, exclama. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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