Jards Macalé faz dois shows e palestra em Curitiba

Na flor dos seus 60 anos, completados em março, com o furor e o idealismo dos loucos anos 60, quando começou sua carreira, o cantor-compositor-produtor-arranjador-instrumentista Jards Macalé se apresenta hoje e amanhã às 22h no Cine Música Bar.

Emblematicamente, o espetáculo, que comemora os quatro anos do restaurante Beto Batata, recebeu o nome Dos 60 aos 60. Concebido apenas para voz e violão, o show terá o auxílio da percussionista Jade na sua segunda metade. No repertório não vão faltar clássicos como Vapor Barato, composta com Wally Salomão; Movimento dos Barcos, em parceria com Capinam; e ainda referências a grandes sambistas que o influenciaram, entre eles Moreira da Silva, para quem Macalé dedicou seu último trabalho.

“Eu busquei, do passado, todas as músicas que poderiam ser gravadas agora”, conta Macalé. O show relembra composições dos oito discos gravados, sucessos nas vozes de outros cantores, participações em filmes, teatro e no mundo das artes plásticas como nos cenários compostos por peças de Hélio Oiticica e uma bandeira de Roberto Magalhães.

O cenário de Oiticica acontece porque César Oiticica, irmão do artista plástico, encontrou três peças intituladas Macaléas, criadas em homenagem ao amigo compositor, até há pouco perdidas. A bandeira de Roberto Magalhães já foi usada antes por Macalé – uma visão angulosa de Brasília, que o artista plástico deu de presente ao músico.

Projeção

“No começo também aparece uma projeção da década de 60 mostrando a repressão, manifestações políticas, e então começo a cantar algumas músicas daquela época como Gotham City, Sol Morto… Isso vai desembocar na exibição de filmes em que participei como ator e compositor, e interajo tocando músicas, inteiras”, adianta o músico que prometeu, também, mostrar composições inéditas.

Finalmente Macalé aproveita para divulgar um pouco mais sua nova campanha cívica que pretende incluir a palavra “amor” na bandeira nacional, que ficaria com o lema: “Amor, Ordem e Progresso”. “Nós teríamos a única bandeira do mundo com a palavra ?amor?. Isso mudaria tudo”, conclui.

Hoje e amanhã às 22h no Cine (Av. João Gualberto, 81). Ingressos antecipados a 10 reais (no Beto Batata e no local) e a 15 reais na hora. E hoje, às 19h30, faz palestra gratuita no Núcleo de Estudos da Fotografia (Rua Conselheiro Araújo, 315). Mais detalhes pelo telefone (41) 3024-8081.

Referência dos últimos 40 anos

Jards Macalé é figura-chave para que se entenda o que de melhor aconteceu na cultura brasileira da década de 60 até hoje. Esteve envolvido com os tropicalistas, fez arranjos e direção musical para Caetano, Bethânia e Gal. Foi parceiro de poetas como Capinam, Waly Salomão, Duda Machado, Vinícius de Moraes e Torquato Neto. Fez trilhas para filmes de Glauber Rocha, Joaquim Pedro de Andrade e Nelson Pereira dos Santos. Foi ator de cinema, personagem principal de Tenda dos Milagres. Tocou e gravou com músicos como Chico Buarque, Itamar Assumpção, Moreira da Silva, Walter Franco, Naná Vasconcelos, Guinga e Luiz Melodia. Causou furor com apresentações performáticas nos festivais da década de 60 e 70. Continua compondo, gravando e se apresentando até hoje, pleno de criatividade.

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