Israel recebeu com muita alegria a notícia da nominação do filme "Beufort" entre as cinco melhores produções estrangeiras segundo o júri do Oscar 2008, já que a última participação do país na premiação ocorreu há 23 anos, quando foi escolhido o filme "Além das fronteiras" (1984), de Mohammed Bakri e Arnon Zadok, sobre as condições das prisões palestinas e israelenses.

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Logo após a divulgação dos selecionados ao Oscar 2008, o diretor Yossi Cedar, os atores e o escritor Ron Leshem – que escreveu o livro "Treze soldados", no qual se baseia a história – participaram de uma coletiva de imprensa no Cinema City, em Herzlyia (Tel-Aviv).

Yossi Cedar, que foi premiado no Festival de Berlim do ano passado, disse que ainda não conseguiu digerir a nominação, mas que, em sua opinião, o prêmio de melhor filme estrangeiro irá ao "exemplar filme apresentado pela Áustria", em referência ao "The Counterfeiters", de Stefdan Ruzowizky.

Já o escritor Leshem disse à ANSA que, em realidade, a escolha do filme "Beufort" premia todo o cinema israelense "que, nos últimos anos, amadureceu muito e soube apresentar obras de grande valor, seja como filme ou roteiro".

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"Beufort" descreve os últimos meses de serviço de um pelotão de soldados israelenses na primavera de 2000, em uma fortaleza localizada no sul do Líbano, onde o grupo está exposto aos contínuos bombardeamentos de militantes do Hezbollah.

A obra representa uma clara crítica aos dirigentes militares – que conquistaram tal fortaleza por engano, 18 anos antes – e aos dirigentes políticos israelenses de 2000 – liderados pelo então premier Ehud Barak -, que, por conveniência política, deixaram aquele pelotão exposto ao seu destino e à coragem de um comandante de pouco mais de 20 anos chamado Liraz Liberti (interpretado pelo ator Oshri Cohen).

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É um tema de grande atualidade, já que, recentemente, cerca de 50 comandantes de companhias da reserva israelense – usados na segunda guerra no Líbano, em 2006 – pediram a demissão do atual premier Ehud Olmert, por razões parecidas.

"Quando escrevi o livro, pensava que se tratasse de um texto muito local, difícil de se apresentar no exterior. Mas agora, não só o filme, mas também o livro, têm sucesso internacional. Já foi traduzido em 13 línguas, e agora chega aos Estados Unidos", disse Leshem, que se baseou em longas entrevistas com soldados de Israel que atuaram no Líbano entre 1982 e 2000.

Intitulado "Se há um paraíso" em hebraico, o livro de Leshem foi sucesso de vendas em Israel por um ano. Para muitos militares já se trata de um texto "obrigatório".