Instituto Histórico e Geográfico do Paraná e o Paranismo

Doze novos membros ingressarão no Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, amanhã, dia 16, às 18h, na Rua José Loureiro, 43, Curitiba-PR. Eles passarão a se preocupar mais com o paranismo que, de acordo com o escritor Francisco Filipak (2002), significa o “neologismo empregado pelo historiador e escritor Romário Martins, que consiste num estado de espírito que denota uma admiração, entusiasmo e vanglória em admirar, exaltar, defender e difundir, com espírito ufano, a história, a cultura, as letras, as coisas e os interesses do Estado do Paraná”.

Propostas para a Estante Paranista – Entre os convidados para essa sessão solene constam os nomes de José Antonio Vasconcelos e de Arthur Hauer. Ambos têm propostas para inclusão de seus trabalhos na Estante Paranista.

José Antonio Vasconcelos é doutor em História. Desenvolveu pesquisa de mestrado pela UFPR-Universidade Federal do Paraná sobre a Colônia Cecília, colônia de imigrantes localizada no município de Palmeira-PR, em fins do século XIX. “O que tornava essa colônia singular era o fato de que seus integrantes visavam colocar em prática um projeto político bastante específico: a criação de uma comunidade alternativa, de orientação anarquista. A Colônia Cecília teve duração efêmera, mas constitui até os dias de hoje um empolgante tema de investigação histórica.”

Arthur Hauer é administrador de empresas e tem interesse em aprofundar a genealogia de sua família e de escrever sobre a bijuteria de sua propriedade. “Existem muitas histórias sobre a família Hauer. Estudando documentos levantarei os dados verídicos (e mitos) sobre a família que, apesar de não ser antiga aqui em Curitiba, deixou sua marca.” A idéia de escrever sobre a história da bijuteria em Curitiba vem ao encontro da própria história da cidade (que era passagem de tropeiros). Pela data da abertura da primeira loja de bijuteria Casa Sade (meu avô materno é de origem Árabe) parece estar inserida na época da guerra do pente (em Curitiba, 1959, comerciante negou nota fiscal a um cliente que comprou um pente proporcionando clima de guerra).

Livros da Estante Paranista – Quatro livros são destacados neste ano:

Francisco Filipak é autor do Dicionário Sociolingüístico Paranaense, que será lançado na próxima terça-feira, dia 17, às 19h, na Secretaria de Estado da Cultura, situada na rua Ébano Pereira, 240. Neste trabalho, a identidade do povo paranaense é resgatada por intermédio dos seus falares peculiares, como ocorre com o verbete “Arranca-toco. S.m. (PR) 1. – Mau jogador, time de futebol de péssima atuação, craque que erra o chute. 2. – Confusão, briga, arranca-rabo”. O pesquisador além de ser atuante no Instituto Histórico é também membro da Academia Paranaense de Letras. Seu trabalho é reconhecido por Túlio Vargas, presidente da Academia Paranaense de Letras que na apresentação do livro, destaca “(…) Filipak enriquece a etnografia e a sociolingüística, de modo a nos proporcionar uma visão abrangente de toda essa lexicologia curiosa e bizarra. Traça o perfil de uma sociedade múltipla e diferenciada que, apesar do progresso científico e dos avanços tecnológicos, ainda preserva as singularidades da oralidade tradicional”.

Ernani Costa Straube é autor dos Símbolos Brasil, Paraná e Curitiba Histórico e Legislação. Numa época em que pouco são valorizados o hino nacional, o hino do Paraná e a heráldica (ciência ou arte dos brasões), o autor vem chamar a atenção para a valorização.

O médico Lauro Grein Filho é autor de Luzes da Memória. O trabalho é fruto da experiência e observação do escritor, que reuniu crônicas políticas, sociais, esportivas e fatos rememoráveis do cotidiano.

O autor deste artigo é o responsável pelo livro Frei Miguel Bottacin, seu Testemunho Cristão e Franciscano. A pesquisa narra a vida do religioso e sua condição de milagreiro no imaginário coletivo.

Considerações – Embora não faça parte da Estante Paranista, houve, a publicação do artigo de Zélia Maria Bonamigo na Revista de Estudos da Comunicação (volume 2, número 5, março de 2002) da PUCPR – Pontifícia Universidade Católica do Paraná. O documento é intulado Professores de Curitiba analisam consciência crítica na Universidade e enfatiza a necessidade do despertar crítico na educação a partir da ótica dos professores. No Editorial da Revista, a Jornalista Mônica Fort faz a seguinte menção: “Reunimos neste número da Revista de Estudos da Comunicação artigos de professores e pesquisadores de Comunicação Social da PUCPR, UEL (Universidade Estadual de Londrina-PR), Unisinos (Universidade do Vale do Rio Sinos-RS) e do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. Essa integração, fruto do intercâmbio de artigos entre instituições de ensino superior, enriquece e destaca a pesquisa científica em Comunicação Social”.

O congraçamento entre instituições denota o ideal da Escola dos Annales na França de 1929. Seus fundadores Marc Block e Lucien Febvre defendiam a idéia de que a história deve ser receptiva e disponível a outras áreas do conhecimento. Esses historiadores continuam inspirando os pesquisadores que desejam produzir o conhecimento interligado e científico.

Jorge Antonio de Queiroz e Silva

é professor do Centro Estadual de Educação Básica Ayrton Senna, na cidade de Almirante Tamandaré e do IBPEX – Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.E-mail:
queirozhistoria@terra.com.br

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