Homens de terra, música e cordas; a história dos tocadores

Belo brinde natalino: Tocadores – Homem, Terra, Música e Cordas, livro que investiga as raízes culturais da música de tradição oral do Brasil, e destaca homens e mulheres que são seus conhecedores e mantenedores, os que dão sentido a uma expressão artística guiada pelo dia-a-dia da memória preservada. Está chegando às principais livrarias do País, enquanto seus realizadores programam para 2003 a edição do trabalho em vídeo.

De autoria de Lia Marchi, Juliana Saenger e Roberto Corrêa, o álbum é da Olaria Projetos de Arte e Educação, de Curitiba, e tem coordenação geral de Lia Marchi, com patrocínio da Petrobras e Siemens. Traz o resultado da pesquisa realizada em duas regiões do País – Brasil Central (Entorno do Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais) e litoral sul (Santa Catarina, Paraná e São Paulo).

Ainda que monumental, a obra é acessível não só a músicos ou pesquisadores, mas a todos que queiram conhecer e se aproximar das tradições musicais do nosso País e de seus mestres (como violeiros, rabequeiros, foliões, fandangueiros e artistas populares). Nela estão sobrepostas muitas realidades: a alma brasileira, pura, inteira, musical, ligada às antigas tradições do nosso País, que nos encantou e sem dúvida encantará o leitor.

Tocadores (336 páginas, 270 fotos. Pedidos também pelo e-mail cataventos@hotmail.com) conta com mais de 40 músicos entrevistados, versos de folia, partituras de fandango, afinações de violas e rabecas, catálogo de folias. E está dividido em quatro capítulos, com curadoria de Roberto Corrêa e fotos de Zig Koch: Homem – textos sobre o encontro com os tocadores, experiências individuais e artísticas, religiosidade popular, expressão artística, ente outros. Terra – fotos das regiões. Música e Cordas – catálogo de instrumentos, partituras de fandango, versos de folia, afinações de violas e fandangos, textos de colaboradores. Tocadores – depoimentos sobre a vida, a arte, o instrumento, histórias de famílias, crenças, com fotos e perfil de cada um dos entrevistados.

Um trecho, para ilustrar a riqueza do trabalho, em que o tocador Gentil Camilo Nascimento fala de seu instrumento: “O orocongo pra mim, eu diria que ele é mais do que um instrumento, ele é uma coisa que, depois da família da gente, é o orocongo. Às vezes distrai, pra um domingo, pra dá uma voltinha ali na vó, ou qualquer coisa. Igual a bicicleta, num se esquece mais. Pra ir apurando sempre o ouvido a gente tá sempre mexendo nele, credo, passaria um dia falando e acho que não explicaria tudo. O orocongo, num sei, acho que é um pedaço da minha vida.”

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