Homens de Preto 2.

Bacana dá seqüência hoje ao dossiê sobre os góticos, iniciado na edição de quarta:

Killing Joke

A mais extensa e ininterrupta carreira das bandas góticas. Muito por causa dos vários projetos paralelos (o vocalista Jaz Coleman várias vezes pulou a cerca para os universos sinfônico e eletrônico) e das atividades dos músicos como produtores (entre os trabalhos do ex-baixista Youth por exemplo, o aclamado hit ?Bittersweet Symphony?, do Verve, e o respectivo álbum Urban Hymns). Nos anos 80, porém, quando os lançamentos eram mais constantes, o Killing Joke justificava seu nome (Piada Mortal) e assombrava os mais incautos com um som violento e pesado. ?Eighteen?, um dos hits da banda, acabou tendo seu riff chupado anos depois pelo Nirvana, na música ?Come As You Are?. Desde Democracy, de 1996, o trio não lança nada, mas sabe-se que um novo disco sairá no próximo ano, pelo próprio selo do grupo, com catorze faixas. O título provisório é The Death And Ressurection Show, as gravações foram feiras entre Londres e Los Angeles, há participações especiais de integrantes do Tool e System Of A Down (o que indica o mergulho de cabeça no me tal, tendência já apontada nos dois últimos trabalhos) e a produção vem assinada por Andy Gill (guitarrista do lendário Gang Of Four). A atual formação mostra Coleman e o guitarrista Geordie acompanhados pelos ex-Prong Paul Raven (baixo) e Ted Parsons (bateria).

Gene Loves Jezebel

Jay Aston acabou de visitar o Brasil. Tocou em São Paulo e Curitiba (no Moinho São Roque) trazendo a tiracolo uma formação estável há uma década e meia: James Stevenson (ex-Generation X, guitarra), Chris Bell (bateria) e Peter Rixxo (baixo). Apenas o irmão gêmeo de Jay, Michael, não voltou após a parada ocorrida entre 1991 e 1993. Depois de então, álbuns e turnês foram algo esparso e o GLJ somente voltou à ativa para valer em 1998. Lançaram alguns discos, sendo dois ao vivo. O último, deste ano, chama-se Accept No Substitute e foi lançado pelo selo inglês Red Steel (permanece inédito no Brasil, apesar da vinda da banda). É duplo e traz duas horas e meia de trechos de shows gravados entre 1993 e 2001, em Buenos Aires, San Francisco, Los Angeles e várias cidades de Portugal. Tem todos os hits como ?Desire?, ?Jealous? (estes dois em dose dupla), ?Love Keeps Me Dragging Down?, ?When We Were One? e ?The Motion Of Love? – e que bateram cartão por aqui. O som continua trazendo o misto de psicodelismo, hard rock seventie e pop que marcou a fase áurea da banda.

All About Eve

Julianne Regan trabalhava como jornalista e tocava baixo no Gene Loves Jezebel, até que foi encorajada pelos colegas do Mission a formar a sua própria banda, desta vez para cantar. Flutuando entre ares hippies e temas de misticismo, com um grande background musical de folk e psicodelismo, o temporão da turma gótica lançou um festejado álbum de estréia em 1988, tropeçou no segundo, perdeu o guitarrista Tim Bricheno para o Sisters Of Mercy e arrastou-se até 1995, quando a vocalista trocou a banda por um emprego diurno e passou a desenvolver trabalho experimental com o ex-Suede Bernard Butler, chamado Jules Et Jim. Em 2000, Regan reativou o All About Eve para tocar na abertura de parte da turnê do Mission. Desde então, lançou dois álbuns com regravações acústicas das músicas mais famosas da carreira da banda.

Alien Sex Fiend

Se existe alguém eminentemente ativo na cena gótica britânica dos eighties, eis o nome. Desde 1983, a Fenda Se xual Alienígena vem gravando discos quase todos os anos até 1998 – às vezes soltando até dois títulos em uma só temporada e sempre através de pequenos selos indies. Com um pé na visceralidade punk e o outro nas sonoridades eletrônicas, o grupo liderado pelo casal Nik e Christine Fiend ainda baseou sua carreira e obra em cima de temática trash (zumbis, invasões sci-fi) e performances de teatro de horrores. O último lançamento chama-se Nocturnal Emissions, o primeiro título do selo próprio do ASF, de nome 13th Moon. Desde então aguarda-se nova encarnação destes aliens.

The Cure

Para muitos fãs e críticos, a fase gótica do Cure, apesar de curta (1981-1982), foi o período mais significativo da história da banda. Foram apenas dois álbuns (Faith e Porngraphy), uma trilha sonora (Carnage Visors) e alguns hits (?Primary?, ?Charlotte Sometimes?, ?The Hanging Garden?), até hoje cultuados por cabisbaixos tristonhos. Se nos anos posteriores a banda acabou se firmando como um dos estan dartes do pop britânico, acabou entrando em parafuso nos anos 90. Depois de emplacar os hits ?Friday I?m In Love? e ?A Letter To Elise? em 1991, Robert Smith entrou em depressão e impasse criativo. Só conseguiu gravar um novo álbum de inéditas cinco anos depois – ainda assim não passou do resultado irregular em Wild Mood Swings. Mais quatro anos e veio Blood Roses, no qual retornava aos climas densos e deprês do início de carreira e ameaçava colocar um ponto final na banda. Idéia revista, voltou ao pop nas duas faixas inéditas da compilação Greatest Hits (2001). Sabe-se que material inédito vem por aí, embora ninguém possa apontar ainda qual será a direção.

Voltar ao topo