Qualquer pessoa que tenha alguma ligação com histórias em quadrinhos no Brasil certamente já ouviu falar do artista plástico Claudio Seto. O desenhista, considerado por muitos como o primeiro mangaka (autor/desenhista de mangás) do ocidente e que por muitos anos fez ilustrações para os jornais O Estado do Paraná e Tribuna do Paraná, faleceu em novembro do ano passado, mas sua obra continua viva.
Flores manchadas de sangue, lançado na última quinta-feira, é o último trabalho do autor. O livro é uma compilação de cinco histórias – Flores Manchadas de sangue, O monge maldito, Idealismo frustrado, O sósia e A flor maldita.
De acordo com informações de seu filho, Noriyassu Seto, as histórias foram publicadas originalmente nos anos 60 e 70, mas, para essa versão, recebeu algumas roupagens novas e comentários do próprio autor.
“Algumas dessas histórias são consideradas as primeiras em estilo mangá no Brasil. Elas foram lançadas pela extinta editora Edrel. O processo de escolha de qual material seria usado para esse livro contou com a colaboração do editor da Devir/Jacarandá Antonio Mendes e estou certo que um dos aspectos para selecionar as histórias foi o critério de importância e sentimento, pois meu pai queria que o livro fosse da mais alta qualidade”, comenta.
Ele explica ainda que o livro estava pronto antes do falecimento do autor e que necessitou fazer algumas alterações. “A orelha do livro teve que ser refeita, assim como a quarta capa. O conteúdo não foi alterado”, garante.
Para Noriyassu, o lançamento do livro, bem como outros projetos de Claudio Seto, são uma forma de prestar homenagem à memória dele e de dar continuidade com seus sonhos e projetos.
“Eu, minha mãe e minhas irmãs vamos continuar com o trabalho que ele vinha realizando. Nós temos o jornal Planeta Zen, voltado para a comunidade japonesa, em agosto será lançado o livro Bushido – Colonização japonesa no Paraná, que meu pai fez em parceira com a jornalista Maria Helena Uyeda e tem o documentário Samurai de Curitiba, dirigido pelo Rober Machado, que será de cunho autobiográfico, entre outros projetos”, conta.
O editor do livro, Antonio Mendes, diz que já conhecia o trabalho de Seto e que tinha vontade de poder trabalhar com ele. Em fevereiro de 2008, Mendes veio a Curitiba para se encontrar com Seto.
“Fiquei contente em poder trabalhar com um dos maiores artistas do país. Desse trabalho com o Seto, surgiu esse livro e o Lendas do Japão, lançado em julho do ano passado. Nós ficamos um bom tempo escolhendo o material e chegamos a conclusão que essas cinco histórias são as mais representativas para o seu personagem, o Samurai. Como o Seto tem muito material, esperamos lançar uma compilação dessa por ano”, informa.
Ele diz também que Seto é exemplo de como o Brasil é ingrato com o artista, pois, segundo ele, o material dele é importante demais para ficar sem editar. “Esse trabalho serve também para recuperar toda essa história e mostrar para os jovens que tínhamos um artista de ponta, mestre no estilo gekiga (desenho realista)”, encerra.
A família publicou e lançou essa semana em Curitiba, o livro que foi o último trabalho de Claudio Seto, falecido em 2008. |