Há 85 anos, Paraná perdeu 1.º aviador profissional

d143.jpgHá 85 anos, o Estado do Paraná perdia seu primeiro aviador profissional, dia 31 de maio de 1921. A vida do capitão João Busse (1886-1921) foi dedicada ao Regimento de Segurança, a atual Polícia Militar do Estado do Paraná, antes de se encantar pela aviação. Após conhecer o tenente Ricardo João Kirk, piloto de um aeroplano durante a campanha do Contestado, o capitão Busse deu asas para a imaginação e começou uma campanha para criar uma escola de pilotagem em Curitiba. Desse momento em diante, ele construiu o próprio destino e, durante um pouso de emergência entre Campinas e Curitiba, deixou a vida e ganhou os céus.

No dia 24 de março de 1918 foi criada a Escola Paranaense de Aviação, com o conselho administrativo composto por João Busse; o tenente coronel Benjamim Augusto Lage, comandante da Força Militar; Dr. Paulo Ildelsonfo de Assumpção, diretor da Escola de Aprendizes Artífices do Paraná; o industrial Félix Merlo e o capitão Braulio Virmond de Lima. Como o capitão Busse era um homem determinado e sua real intenção era se tornar aviador, no dia 19 de janeiro de 1920 matriculou-se na Escola de Aviação da Força Pública de São Paulo, com autorização do governador do Paraná, Dr. Vicente Machado.

Supervisionado pelo piloto da Força Aérea Americana, Orton Hoover, Busse e outros cinco oficiais da Força Pública de São Paulo participaram de treinamentos e, no dia 10 de junho do mesmo ano, Busse realizou seu primeiro vôo solo, batendo o recorde brasileiro de altitude, 4.500m (12 mil pés). O avião utilizado foi um Oriolle biplano, com motor de 150HP. O capitão sempre recebia elogios por sua técnica de pilotagem e pela facilidade com que assimilava as instruções. No dia 1.º de agosto ele recebeu das mãos do governador de São Paulo, Dr. Washington Luiz Pereira de Souza, seu brevet internacional de piloto. Com sua grande técnica, o piloto realizava acrobacias arrojadas, inclusive ganhando fama nacional com a alcunha de ?Acrobata do Espaço?.

A esta altura, a grande vontade de Busse era retornar ao Paraná pilotando um avião. Ele chegou a mobilizar federações esportivas e imprensa paranaense para que se movimentasse fundos para comprar um avião, o que não foi possível pelo alto valor do equipamento (em torno de 20 contos de réis). O destino de Busse se revelou quando foi convocado para retornar ao Paraná e prestar serviços à corporação. Chateado, acatou a ordem, mas, para tanto, entrou em contato com seu ex-colega da Escola de Pilotos, o tenente Reinaldo Gonçalves. Com seu colega conseguiu emprestado um biplano Caudron com 120HP para que pudesse realizar o sonhado raid. Um avião de pequeno porte e pouca autonomia. Com esse aparelho ele planejou o raid em cinco etapas: Campinas-Itapetininga-Itararé-Castro-Ponta Grossa-Curitiba.

Acompanhado de um mecânico, Busse decolou às 9h30 do dia 23 de maio com destino à Itapetininga. No caminho, ele teve problemas mecânicos e teve de passar alguns dias na cidade de Itapetininga. Com o avião consertado, finalmente decolou, às 10h30 do dia 31, rumo à Itararé. Mas o avião não lhe levou muito longe. Ao fazer várias evoluções procurando um lugar para fazer um pouso de emergência, o avião se chocou com um grande cupinzeiro e foi totalmente destroçado.

Gravemente ferido, Busse foi atendido no local e depois levado para o hospital de Itapetininga, onde faleceu às 17h do dia 31 de maio de 1921. A perda que o Paraná sofria não tinha como ser reparada e no dia 1.º de junho seu corpo foi recebido por autoridades e milhares de pessoas na estação ferroviária da capital.

O corpo foi velado na Polícia Militar e sepultado no Cemitério Municipal de Curitiba, dia 2 de junho, com honras militares e a presença de uma multidão. Na lápide, colocada em cima do caixão, lê-se: ?Aqui repousam os restos mortais do intrépido e malogrado piloto aviador Capitão João Busse, vítima de lamentável desastre em Buri, quando tentava o raid Campinas-Curitiba, 31 de maio de 1921?.

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