De Musica Ligera

Gustavo Cerati, um gigante ainda desconhecido no Brasil

Volta e meia toca nas rádios uma música que começa com os seguintes versos: “ela dormiu no calor dos meus braços / e eu acordei sem saber se era um sonho”. Sim, é Capital Inicial, com o Dinho cantando isso desde 2002. Outra música, essa de 1996 e que tocou menos, começa com os versos “ela deitou, seu calor se espalhava / eu despertei, e ainda sonhava”. É dos Paralamas do Sucesso.

Porém, tanto “À Sua Maneira” do Capital quanto “De Música Ligeira” dos Paralamas são versões de “De Música Ligera”, o maior sucesso de uma banda argentina já extinta chamada Soda Stereo. O Soda era liderado por um cara idolatrado por fãs e respeitado por críticos em toda a América Latina, Espanha e a parte hispânica dos Estados Unidos, mas praticamente desconhecido no Brasil: Gustavo Cerati.

Gustavo Adrián Cerati nasceu em Buenos Aires e em 1982, junto com Hector “Zeta” Bósio, que, como Cerati, também estudava Publicidade na época, formou o Soda Stereo, completado pelo baterista Charly Alberti. Desde o começo, as músicas do trio eram influenciadas tanto por sons regionais quanto pelo rock bitânico, mas a mais forte influência deles era mesmo outro trio: os ingleses do The Police, que tinham passado na Argentina em 1980.

Vieram os primeiros discos e, com o tempo, o sucesso local e depois, a partir de 1986, a conquista aos poucos da América Latina, começando pelo vizinho Chile e chegando até mesmo nos Estados Unidos, culminando na consagração em 1990, com o álbum “Canción Animal”, uma extensa turnê por vários países da América e tudo isso puxado pela música mais famosa do trio: “De Música Ligera”.

A banda encerrou suas atividades com uma despedida emotiva no Monumental de Nuñez, o estádio do River Plate. Ainda voltaram dez anos depois para uma tour de reunião que passou por oito países em 22 shows, com lotação esgotada em 20 deles.

Fora do Soda Stereo, Gustavo Cerati teve uma prolífica carreira solo: o primeiro disco, “Amor Amarillo” foi lançado em 1993, quando ele ainda estava no Soda Stereo. A carreira solista voltou com “Bocanada”, em 1999, mais eletrônico que tudo o que tinha feito com antigo grupo. Cerati continuava mirando na eletrônica (“Siempre Es Hoy”, de 2004), mas também partia tanto para trilha de filme (“+bien”, de 2001, que chegou a ser indicado para o Grammy Latino) quanto para versões sinfônicas de músicas da sua própria carreira (“11 Episodios Sinfónicos”, de 2002).

A volta às guitarras aconteceu em 2006 com “Ahí Vamos”, que foi o disco mais rock de Cerati desde o fim do Soda Stereo. Três anos depois, era lançado o último disco solo: “Fuerza Natural”, mais folk que o anterior e que foi ganhador de três Grammys Latinos (melhor álbum de rock, melhor capa e melhor música rock com “Déjà Vu”).

Em maio de 2010, durante a turnê de divulgação do disco, Cerati sofreu um AVC logo depois de um show em Caracas, capital venezuelana. Foi internado logo a seguir e, dias depois, já em coma, foi transportado para uma clínica em Buenos Aires. O coma persistiu até 04 de setembro deste ano, quando Cerati teve uma parada respiratória e veio a falecer.

Seguiram-se homenagens de vários artistas argentinos, como Andrés Calamaro, e latinoamericanos, como Shakira, que teve o álbum “Fijación Oral Vol. 1” co-produzido por Cerati. Vieram homenagens brasileiras também: justamente do Capital Inicial e dos Paralamas do Sucesso, que lembraram das versões que fizeram de “De Música Ligera”.

Aqui, a versão original de “De Música Ligera”:

A versão dos Paralamas do Sucesso:

A versão do Capital Inicial:

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