Gruvox lança pop “incaracterístico”

Liderada pelo publicitário e poeta Flávio Jacobsen, a banda Gruvox apresenta hoje às 22h no Cine Música Bar o espetáculo Incaractere, com base no CD homônimo lançado no ano passado. “A intenção foi gravar um álbum pop ?incaracterístico?, como é o curitibano, a partir da idéia de que a música pode ser inteligentemente usada para dar força, uniformidade e peso a uma obra poética”, resume Flávio. “É o mesmo raciocínio usado por Paulo Leminski, quando define a poesia como um ?inutensílio?”.

Pois bem. Ouvindo o CD, resta saber as reais pretensões do quarteto completado pelo guitarrista Jahir Eleutério, o baixista Lique e o baterista Bhorel Enrique (ex-Zirigdum Pfóin). A maioria das onze faixas até se encaixaria no rótulo idealizado por Flávio, o “pop incaracterístico”. Sim, são canções pop – tem ska, reggae, baladinha bossa-nova, rockão, tudo muito bem tocado.

Mas há algo de “pontudo” nelas. Muitas vezes Flávio canta entrecortado, lembrando Arnaldo Antunes. Contribui para essa a impressão o timbre grave e as letras repletas de jogos de palavras (como o verso “Quando viela, duas mão eu precisava”, de Cidadão em Trânsito) e tiradas “concretistas”. As músicas não descem “redondas”, como num disco pop puro. E talvez nem essa seja a intenção. Mesmo assim, algumas faixas merecem atenção e poderiam ser lapidadas, como Dor de Dante, a própria Cidadão em Trânsito, a quase bossa-nova Quem Vai me Dizer? e o Samba de Chegada. Isso se estiver nos planos da banda emergir do underground. Agora, se a idéia é permanecer “livre, sem conchavos com a indústria fonográfica ou idiotas de toda sorte”, não há reparo algum a fazer, e o Gruvox está no caminho certo. Ah, as backing vocals Paula e Guga Meira cantam muito bem…

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Hoje às 22h, no Cine Música Bar (Av. João Gualberto, 81). Abertura com OAEOZ e Criaturas. Ingressos a 7 reais.

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