França concede Prêmio Goncourt ao afegão Atiq Rahimi

O afegão Atiq Rahimi, escritor e cineasta e autor de Syngué Sabour – Pierre de Patience, foi laureado na segunda-feira (10) como o vencedor da edição de 2008 do Prêmio Goncourt, a mais importante honraria da Literatura em língua francesa. A distinção veio horas depois que outro estrangeiro, o guineense Tierno Monenembo, de 61 anos, foi anunciado como o escolhido para o prêmio Renaudot.

Exilado político, Rahimi era um dos favoritos a receber o Goncourt 2008, ao lado dos franceses Jean-Marie Blas de Roblès, autor de Là oú les tigres sont chez eux, e Michel le Bris, de La Beauté du Monde. A decisão foi anunciada ontem, em Paris, após um segundo turno de desempate, do qual o afegão saiu vencedor por 7 votos contra 3 para le Bris.

Nascido no Afeganistão em 1962, filho de um juiz e político e membro de uma família “liberal e ocidentalizada”, Rahimi estudou na escola franco-afegã de Cabul. Sua posição privilegiada na sociedade local, porém, não resistiu aos 40 anos de guerras pelos quais o país atravessa. Depois de se exilar na Índia, no Paquistão e na França, o jovem retornou a seu país em 1980, quando trabalhou na mineração. A experiência lhe rendeu seu primeiro livro, Terre et Cendres, escrito em persa, o qual adaptou ao cinema, recebendo o prêmio Regard d’Avenir no Festival de Cannes, em 2004.

Rahimi lançou na França, ainda em persa, duas outras obras: Les mille maisons du rêve et de la terreur, de 2002, e Le retour imaginaire, de 2005. Syngué Sabour, em 2008, faz o escritor retornar ao tema da guerra e dos dramas humanos por ela despertados. O romance narra a história de uma esposa que se dedica a cuidar de seu marido, um ex-soldado em estado vegetativo em razão de um ferimento a bala. “A língua materna é aquela na qual aprendemos as proibições e os tabus”, disse à revista Nouvel Observateur, ao explicar por que decidiu escrever em francês. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.