Fotógrafo Carlos Moreira ganha exposição em São Paulo

O fotógrafo Carlos Moreira ganhou uma exposição recente em São Paulo, no Sesc Bom Retiro. Foi um bom motivo para sair de casa e ver como era a cidade antes de ser destruída por pichações e inimigos do patrimônio arquitetônico. Quem não viu, tem ainda uma chance: Moreira também ganhou um livro com textos da curadora da mostra, Rosely Nakagawa e outros profissionais curadores, além do diretor regional do Sesc, Danilo Santos de Miranda. É um justo tributo a um fotógrafo que, a exemplo de Chico Albuquerque, frequentou o Foto Cine Clube Bandeirante. E, como o cearense, buscou nas ruas não um embate realista, mas a composição formal estudada.

A curadora Rosely Nakagawa lembra no livro que Moreira frequentou o ateliê do expressionista paulistano José Antonio Van Acker (1931-2000), aprendendo com ele a desenhar e pintar. Perfeccionista, registrou inúmeras vezes o Vale do Anhangabaú, o Ibirapuera e a Sé em busca de uma síntese imagística da cidade, seja por meio de um gesto captado ao acaso ou um rosto refletido nas vitrines.

Formado em economia, Carlos Moreira, nascido em 1936, fotografa a cidade há 40 anos. Não é um fotógrafo de laboratório, mas ligado à estética da straight photography – a do contato direto com a realidade sem intervenções artificiais -, conforme observação de Rosely Nakagawa. Nos anos 1960, durante o regime militar, essa era uma atitude um tanto suspeita, conclui a curadora. Moreira só escapava da repressão por usar discretamente sua Leica. O livro tem fotos da época, nenhuma delas com registros de passeatas de protesto. São imagens do centro, ainda frequentado por homens de terno e gravata, ou do Ibirapuera, onde casais pacíficos namoram sob as árvores do parque.

As fotos mais recentes têm uma vocação menos acidental e mais construtivista, fragmentária, privilegiando detalhes arquitetônicos da metrópole. Uma das imagens marcantes do livro mostra a figura de um homem contemplando a paisagem na represa de Guarapiranga, nos anos 1980. Parece uma cena do clássico filme Aurora, do alemão Murnau. Um assombro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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