César Villavicencio:
estranho instrumento.

O músico peruano César Villavicencio apresenta na próxima segunda-feira, às 12h30, no Teatro HSBC, o concerto mais inusitado entre os mais de 80 promovidos pela Oficina de Música de Curitiba nesta sua 21.ª edição. Professor do núcleo de música antiga do evento, ele entra em cena com sua flauta doce eletrônica, um instrumento eletro-acústico desenvolvido por ele no Conservatório Real de Haia (Holanda). Junto com o pianista suíço Jack Demiére, ele apresenta um programa com improvisações que misturam sua experiência erudita e barroca com a música contemporânea.

A flauta doce eletrônica de Villavicencio é uma invenção multinacional. Componentes eletrônicos foram instalados numa flauta de madeira especialmente construída na Alemanha, com 1,50m de comprimento e três quilos. Os movimentos captados são traduzidos por um microprocessador criado no Conservatório Real de Haia. Um software produzido na França, também sob encomenda de Villavicencio, se encarrega de controlar a invenção. O som produzido pelo instrumento é traduzido instantaneamente para o formato MIDI e, além de ser produzido ao vivo, pode ser gravado diretamente. Vinte e cinco componentes eletrônicos integram a flauta, que pode ser vista e ouvida no site pessoal do músico (www.cevill.com).

Sem fronteiras

Para Villavicencio, o projeto faz parte do conceito de abolir fronteiras na música. “Defendo a adoção de uma escola única que envolva todo o repertório escrito para a flauta doce, seja barroco ou contemporâneo, e também acredito que a pesquisa de novas linguagens não pode ser descartada”.

“A música contemporânea sempre esteve presente no meu repertório”, prossegue o instrumentista. “Aprofundei este interesse durante os anos que estudei no Conservatório Real de Haia (1991-1998). Nesta instituição tive a oportunidade de receber a orientação do professor Michael Barker, que me apresentou novas estéticas para a execução musical e composição contemporâneas. Barker desenvolveu um sistema eletrônico instalado em uma flauta doce contrabaixo que lhe permitia transformar sons ao vivo . Aos poucos fui adquirindo interesse pelo uso de meios eletrônicos na música e criei meu próprio sistema eletrônico”.

Com sua invenção,Villavicencio tocou com Richard Barrett, Evan Parker, James Fulkerson, Wilbert de Joode, Jonathan Impett, entre outros. Seu grupo Kreepa propõe performances que reúnem técnicas instrumentais alternativas, eletrônica, espacialização de som e dança.

O músico desenvolveu também um método de improvisação baseado na influência das diferentes correntes artísticas da pós guerra (Dada e Surrealismo e Expressionismo Abstrato) na música. Toca com a cravista italiana Beatrice Sterna e participou em concertos e gravação com a Amsterdam Baroque Orchestra dirigida por Ton Koopman. Periodicamente dirige projetos, cursos e master classes na Europa, Estados Unidos, Peru e Brasil. A Oficina prossegue até o dia 25 de janeiro, reunindo mais de 1500 alunos e 150 professores de 15 países.

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Ingressos a 1 real mais 1 quilo de aliementos.

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