Fim de semana musical em Curitiba

Joel_Nascimento.jpgNo ano 2000 o Governo Federal resolveu homenagear o ilustre compositor brasileiro Pixinguinha (1897/1973) criando, através de lei, o Dia Nacional do Choro, exatamente no dia de seu nascimento: 23 de abril. A idéia pegou. Hoje, no país inteiro, a data é comemorada com várias rodas de choro e outras atividades culturais reverenciando o gênero que, ao lado do samba, é a mais pura manifestação da música brasileira. Em Curitiba ao invés do ?dia?, o Clube do Choro de Curitiba tem realizado a Semana Nacional do Choro, com uma programação intensa e ampla, integrando gerações ? com músicos veteranos ao lado de jovens instrumentistas ? num ciclo que estimula o conhecimento, a troca de experiências e a renovação das obras musicais. Este ano, além do aniversário de Pixinguinha, o Clube do Choro também está prestando uma merecida homenagem ao centenário de nascimento do maestro Radamés Gnattali. A programação tem produção executiva de Robert Amorim e apoio do Instituto Curitiba de Arte e Cultura ? Icac.

A semana musical encerra suas atividades no próximo domingo (23), o Dia Nacional do Choro. A programação é intensa. No sábado (22), a partir das 11 horas, acontece a tradicional roda de choro da Boca Maldita, no calçadão da rua XV de Novembro. Na hora do almoço, às 14 horas, a música prossegue no restaurante Jacobina. E a noite, às 21 horas, no Teatro Paiol, é a vez da Orquestra à Base de Cordas apresentar a emblemática ?Suíte Retratos?, obra-prima de Radamés Gnattali, com a ilustre participação dos músicos Joel Nascimento (bandolim) e Andréa Ernst Dias (flauta) que foram convidados especialmente para este evento ? que tem reapresentação no domingo, às 19 horas.

Sobre a ?Suíte Retratos? é importante lembrar que ela foi composta por Radamés entre o final de 1956 e 1958. A obra é uma suíte para bandolim, orquestra e conjunto regional, onde o maestro homenageou, em cada movimento, um dos quatro compositores que considerava geniais e fundamentais na formação da nossa música instrumental: Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Anacleto de Medeiros e Chiquinha Gonzaga. Como se revelasse uma fotografia musical extraída da alma de cada um dos quatro homenageados, Radamés traz, respectivamente, no primeiro movimento um Choro baseado em ?Carinhoso?; no segundo, uma Valsa a partir de ?Expansiva?; no terceiro, um Schottisch lembrando ?Três Estrelinhas?; e no quarto movimento, um Maxixe "a la" ?Corta Jaca?. A ?Suíte Retratos? consegue com maestria estabelecer a fusão entre a linguagem camerística e a popular.

Festival

Para encerrar as comemorações, no domingo (23) à tarde acontece um festival de choros inéditos, no Espaço Cultural Beto Batata (R. Prof.º Brandão, 678 ? Alto da XV), com entrada franca. O produtor executivo da Semana do Choro, Robert Amorim, o Beto Batata ? principal incentivador do Clube do Choro de Curitiba -, acredita que existe em Curitiba uma relação muito saudável entre as gerações de instrumentistas. E essa troca permanente dos músicos mais jovens com os veteranos traz, por conseqüência, uma saudável e gradual renovação dos chorões da cidade. ?O que tem acontecido é que tem muitos jovens tocando no Brasil. Acho que esse interesse é porque o choro é um gênero muito brasileiro. Ele tem suíngue, a harmonia e a melodia são bonitas e ainda há um componente de tristeza e ao mesmo tempo alegria, como a nossa realidade?, considera o produtor.

Outra avaliação positiva que Robert Amorim faz sobre o choro na cidade, é sobre o fato dos músicos jovens não apenas estarem tocando, mas principalmente, compondo. ?Isso é fundamental. Aqui no restaurante eu ofereci um espaço permanente para o Clube do Choro apresentar composições novas e tenho visto muitas coisas inéditas de altíssima qualidade. A composição traz o reflexo da contemporaneidade?, diz. De fato, nos três anos de atividade, o Clube do Choro de Curitiba tem promovido festivais mensais de choros novos. A iniciativa tem se revelado um sucesso: ?Nestes três anos foram compostos mais de 200 choros e conseguimos estimular a produção dos músicos locais com uma média de sete composições inéditas por mês?, comemora.

A inscrição do choro para o Festival pode ser feita na hora e o único pré-requisito é que a composição seja inédita. O resultado da disputa sai no mesmo dia e o voto é dado pelos integrantes do clube do choro, músicos participantes e pelo público. ?A nossa maior preocupação é, além de tocar os choros tradicionais – que corresponde a linha mestre do gênero ? é, ao mesmo tempo, apresentar a produção da cidade. Quanto mais gente tocar e compor, melhor. O choro é uma coisa cultural que reflete no músico, o brasileiro que tem dentro dele. Quem não gosta de choro é porque não conhece?, finaliza Amorim.

Serviço
Programação
SEMANA RADAMÉS GNATTALI
Curitiba ? 2006

22.04-sábado
Roda de Choro na Boca Maldita
10:00
Entrada franca

Roda de Choro
15:00
Jacobina (R.Conselheiro Carrão esquina com Almirante Tamandaré ? Alto da XV)
Entrada franca

Concerto da Orquestra à Base de Corda – Convidado: Joel Nascimento (bandolim) e Andrea Ernst Dias (flauta)
Teatro Paiol (Pça Guido Viaro s/ nº)
21:00
R$10 e R$5 (Para quem doar um quilo de alimento não-perecível)

23.04- domingo
Festival de Choro – Mostra competitiva de choros inéditos
Espaço Cultural Beto Batata (R. Professor Brandão, 678 ? tel: 3262-0840).
14:00
Entrada franca

Concerto da Orquestra à Base de Corda – Convidado: Joel Nascimento (bandolim) e Andrea Ernst Dias (flauta)
Teatro Paiol (Pça Guido Viaro s/ nº)
19:00
R$10 e R$5 (Para quem doar um quilo de alimento não-perecível)

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