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Filme de Daniela Thomas abre a mostra Panorama, no Festival de Berlim

Havia pouca gente na coletiva de Vazante, o longa de Daniela Thomas que abriu nesta sexta, 10, a mostra Panorama da Berlinale. A coletiva ficou imprensada entre duas outras que lotaram, e claro, eram filmes de Hollywood. Richard Gere veio mostrar The Dinner, de Oren Moverman, e aproveitou para se encontrar com a primeira-ministra Angela Merkel. Discutiram as primeiras medidas do celerado presidente dos EUA, Donald Trump, e Gere conseguiu de Merkel o que queria – o apoio para o povo tibetano, do qual tem sido representante internacional há anos.

A outras coletiva era a de T2 – Trainspotting, com toda a gangue. O diretor Danny Boyle, os atores Ewan McGregor, Ewan Bremner, Robert Carlyle e Jonny Lee Miller. Passaram-se 20 anos do primeiro filme, o mundo mudou, a droga não causa mais tanto escândalo. Menos visceral – alguma dúvida? -, a sequência aposta no estilo. Danny Boyle conseguiu fazer um (bom?) filme à Guy Ritchie. Mas a verdade é que, apesar do público reduzido – a sessão de imprensa havia sido concorrida -, a coletiva de Vazante foi intensa, marcada por forte participação. “Sobrevivi!”, brincava a diretora, no final. Acompanhada do marido arquiteto, Daniela admitiu que estava “estalando” de felicidade.

“Faço cinema para isso, para me integrar nesse grupo de autores, para encontrar pessoas interessantes.” Vazante aborda a relação entre senhores e escravos no interior de Minas, em 1821. Um homem maduro casa-se com umas menina que ainda nem menstrua. Sinhazinha o teme, como senhor da fazenda, dos escravos, dela. Há um negro jovem, ela engravida e… “Não engano ninguém. O filme narra uma tragédia anunciada”, diz a diretora.

É seu quarto filme e o primeiro solo. Os anteriores foram todos em parceria (O Outro, Terra Estrangeira, Linha de Passe). E o curioso é que Daniela tem não um, mas dois filmes solos – finaliza O Banquete, um baixo orçamento. Embora de época, Vazante quer discutir questões contemporâneas – a questão da mulher, do excluído. “São problemas de mais de 200 anos ainda não resolvidos no século 21.” O repórter admite o desconforto. Sua empatia foi para o personagem do “senhor”, que, além de ser o mais complexo, tem um ator excepcional, o português Adriano Carvalho. Seu grito, no desfecho, vale o filme todo. Na competição, que recém começou, já surgiu um filme muito bom – o húngaro On Body and Soul, De Corpo e Alma, de Ildiko Enyedi. Um homem, uma mulher, um matadouro. Se o mundo é tão duro, como eles conseguem fechar os olhos para dormir e compartilham o mesmo sonho? Mais que intrigante, é fascinante.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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