Vencedor dos prêmios do júri oficial e da crítica na Mostra Aurora deste ano, A Vizinhança do Tigre é a atração desta quinta-feira, 27, do evento Cinema da Quebrada, no Cinusp. O diretor Affonso Uchoa debate com o público após a exibição. Uchoa filmou na periferia de Contagem, em Minas Gerais. Durante quatro anos, desde 2010, seguiu com sua câmera um grupo de cinco amigos. O filme é dedicado a um deles, que morreu.

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Os garotos não apenas cantam como se expressam com a linguagem ritmada do rap. Deslizam pela tela em skates – a cena final é a do grupo sobre rodas. Na trilha, batem forte os versos – Eu queria mudar/eu queria mudar. Uchoa não apenas deu voz a quem não tem. Fez o filme que talvez melhor expresse a ‘quebrada’. Sua dramaturgia é visceral, desconstrói modelos estabelecidos e propõe uma nova forma.

A Vizinhança integrou a seleção da Semana dos Realizadores, no Rio, no fim de semana passada. Não foi por outro motivo que venceu ontem o prêmio Nova Mirada, no evento. Houve no sábado pela manhã um encontro de montadores. Uchoa contou, e depois reafirmou para o repórter, como foi difícil selecionar as imagens.

Ele não tinha distanciamento – precisou de um montador de foras para ajudá-lo a colocar clareza no material. E cortar, como ele diz, é a morte. Muito doloroso. A edição não é somente visual. A montagem sonora, num filme com essa musicalidade, também é essencial. São alguns pontos para ajudar no debate de hoje. Se o lançamento fosse nos cinemas, A Vizinhança seria um dos grandes filmes brasileiros do ano. O que é o ‘tigre’, todo mundo pergunta ao diretor? O tigre é a energia que esses garotos têm, dentro deles. É preciso domar o tigre para dar um sentido à vida e construir o futuro na quebrada.

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