Filas e clássicos marcam show de Franz Ferdinand em SP

A fila serpenteava em volta do Parque da Independência, na zona sul da capital, e a confusão entre público e policiais militares era grande quando os escoceses do Franz Ferdinand subiram ao palco neste domingo à noite para mostrar clássicos do indie contemporâneo. A banda fez show gratuito para 18 mil pessoas. Para controlar fãs que tentaram furar fila e pular grades, a Força Tática da PM usou gás pimenta e bombas de efeito moral.

A confusão entre o público e PMs no 16.º Cultura Inglesa Festival provocou a reação do vocalista da banda, Alex Kapranos. Neste domingo, por volta das 22 horas, ele expressou sua solidariedade. “Espero que fãs pegos do lado de fora do show nesta noite estejam bem e que não tenham ficado feridos no conflito com a polícia”, escreveu no Twitter. “Isso é terrível. Gostaria de poder fazer alguma coisa.”

Antes da apresentação do Franz Ferdinand, uma fila quilométrica se esticava ao redor da Praça do Monumento e, entre o muro e a grade, estruturava-se uma espécie de experiência sociológica com o público que respeitava a fila e o que a ignorava completamente, passando livre pelo largo espaço entre o muro do festival e o alambrado que afastava o trânsito do local.

“Fiquei na fila porque acredito que o Brasil vai melhorar algum dia”, disse Pedro Cintra, fã do Franz Ferdinand, que aguardava pacientemente. Já outra espectadora não pensou desse modo: “Estou com os meus filhos, não vou ficar duas horas em uma fila”, disse. Esta foi a maior de toda as edições do festival, e o parque atingiu sua capacidade máxima (18 mil pessoas). Os portões tiveram de ser fechados às 17h50.

Como o último show da banda no País, em 2010, a apresentação do Franz Ferdinand foi fulminante, direcionada pela cativante pulsação de dance rock pelo qual a banda é conhecida. “No You Girls”, tocada logo no início do set, mostrou que, depois de anos de sucesso, Alex Kapranos e seus companheiros não perderam a mão e que se pode apostar no novo disco da banda, anunciado ainda para este ano. Os escoceses prestaram uma homenagem à cantora americana Donna Summer, que morreu no dia 17 deste mês, e tocaram o sucesso “I Feel Love”.

Abrindo para o Franz Ferdinand, os ingleses do The Horrors, a banda cult mais incensada de Londres, fizeram apresentação sólida. Suas canções queimavam em fogo brando, mesclando vertentes díspares de rock, do new wave ao punk de garagem ao alternativo noventista, beirando, em algumas canções, o casamento de rock com eletrônico de Primal Scream.

Cabeludos, vestidos de jaquetões de couro, eles representam, não em termos de som, mas de atitude, um híbrido de Ramones e The Smiths para o público indie internacional: efervescência e angústia adolescente condensada em guitarras ferozes e vocais pensativos. Na Inglaterra, os fãs colocaram o último disco da banda, “Skying”, entre os dez primeiros das paradas do ano passado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.