Ficção suíça

Romancista, ensaísta e roteirista, Bernard Comment, aos 42 anos, é autor festejado nos círculos europeus. Dele, através da Editora Estação Liberdade, chega ao leitor brasileiro As formigas da estação de Berna e outras ficções suíças (120 páginas, Coleção Latitude, apoiada por várias entidades, entre elas a Fundação Pro Helvetia). A Suíça retratada por Comment é povoada por gente tão bisbilhoteira que uma cerca de pinheiros não foi erguida para não prejudicar a visibilidade. É povoada ainda por gente tão egoísta que é capaz de represar a água de seus rios para não navegar por outros países. Um país do absurdo surge de suas páginas, numa metáfora a um rincão dos Alpes belo mas fechado, ordenado mas neurótico.

Um parágrafo do livro dá uma idéia da metáfora: “Mas o que pretendem tão ferozmente preservar nessa concepção geral de sobrevivência fechada? Simplesmente um território, por mínimo que seja, de onde o Estado possa pedir ajuda? Ou, mais gravemente, um espírito suíço? O homo helveticus? Quase perguntei ao capitão, que se tornara ao longo dos dias meu interlocutor predileto, se o dispositivo de clausura incluía jovens sadias capazes de reproduzir a espécie em perigo.

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