Festival de Inverno da UFPR começa com show de Tom Zé

Demorou, mas chegou. Como a temperatura se aproximando de zero grau e a geada cobrindo o Estado, o inverno 2003 dá as caras e justifica o nome do Festival de Inverno da Universidade Federal do Paraná, cuja 13.ª edição começa hoje em Antonina, com o show gratuito do baiano Tom Zé, às 22h, no palco principal. Este ano serão 45 oficinas infantis, 42 oficinas e cursos para adultos e 42 espetáculos, com uma expectativa de público de 60 mil pessoas.

A grande novidade desta edição é o Banana Cabaré, um espaço com shows e apresentações intimistas, sempre à meia-noite, com ingressos a 3 reais. Além do Tom Zé, neste final de semana acontecem os espetáculos de teatro infantil Um Grito Pela Paz, com o Circo Guayrá, de dança, música e teatro – UFPR – 90 Anos e o show com o grupo musical Xique Baratinho. Amanhã é a vez de Sonhos de Uma Noite de Verão (teatro infantil), Arena (teatro), apresentação do Coral dos Servidores, Cândido ou o Otimismo (teatro) e as apresentações musicais dos grupos Em Cima da Hora e Gypsy Acústico.

Também integram o time de atrações ao longo da semana as peças Vermelho Sangue Amarelo Surdo, Amores e Sacanagens Urbanas e Flicts, além das performances da companhia de dança Anjos de Rua e das bandas Denorex 80, The Rockets, Anauê, Primal, Terra Sonora, Los Bonecos, Sinfonética Comunitária lutuante, Baque Solto, Makoto, e outras. O festival termina no próximo sábado, às 22h, com o show do menestrel Oswaldo Montenegro.

Pela paz

O tema do 13.º Festival de Inverno engloba cultura e paz. Segundo o coordenador de cultura da Proec/UFPR, Paulo Chiesa, é momento de reafirmar e disseminar o repúdio a todas as formas de violência, e mostrar que a arte é uma das melhores armas contra a intolerância na sociedade. “A arte aproxima, alegra, desafia, promove a comunicação e o diálogo”, diz.

Assim, o Festival de Inverno busca promover atividades que reflitam sobre o papel da arte e da cultura na construção de um mundo mais justo. A imagem institucional, a obra Guernica, de Pablo Picasso, escolhida para ilustrar o cartaz oficial do evento, reflete esse interesse. Entre as atividades que abordarão o tema estão as oficinas A Paz por Um Botão, ministrada por Hélio Leites, Kátia Horn e Efigênia Rolim, Expressão Plástica: Poéticas da Paz e da Liberdade, por Raul Córdula, e Cultura, Cidadania e Desenvolvimento, por José Márcio Barros (PUC/Minas).

As oficinas, cursos teóricos e de aprimoramento dão o tom multicultural do evento, abordando diversas linguagens na música, fotografia, artes plásticas, cênicas, literatura, vídeo, áudio, e outras, para crianças e adultos. Alguns exemplos: O Cabaré Enquanto Linguagem (com Lucas Scalco e Anderson Antoniacomi); Desenho Gestual e Vivencial: Uma Visão Biocêntrica (Osvaldo Antônio Marcón Argentina); Ensaio Documental: Um Olhar sobre Antonina (Milla Jung) e Estação Lúdica Para Aprender Arte Brincando (Cláudio Alvarez e Maria Alice Vaz), entre outras. As inscrições para maiores de 15 anos já foram encerradas, com um total de 750 pessoas. As inscrições para as oficinas infantis acontecem hoje, das 9h às 12h, no Salão Paroquial (Rua Valle Porto, 65), em Antonina.

Mais informações e a programação no site

www.proec.ufpr.br/festival2003.

O pensamento vivo de Tom Zé

Vindo de um trabalho com o grupo Corpo, a trilha sonora Santagustin, composta com Gilberto Assis, Tom Zé fala do público paranaense e da sua expectativa com o festival. Sobre a platéia, diz: “O público sulista é caloroso, um público de ?audição?, audiência. É um público ouvinte. Percebe as letras, e vai ao encontro de uma preocupação minha, que é entregar os versos para que as pessoas interajam com a música e o texto”.

Ele não falou muito sobre o repertório que apresenta hoje à noite, mas promete algo “especial”: “Sempre é necessário haver alguma coisa especial, porque cada dia é um dia diferente, e se eu não estiver em contato com essa diferença não é Tom Zé que está indo. É algum clone”.

Sobre o Festival de Antonina propriamente dito, o tropicalista afirma que vem para “aprender”: “Toda a geração tem uma espécie de combustão interna que transparece no gesto coletivo, no olhar e na temperatura emocional que se estabelece na casa ou na universidade onde ela está”, filosofa. “Essa riqueza se desvela em todos os terminais, contamina com seu vírus o ambiente, o aperto de mão, e a coisa que é selecionada para manifestar reação. Minha prática, meu treinamento, e as ferramentas que eu desenvolvi através da vida atuam como antenas captadoras dessas energias. Por isso até hoje eu canto todos os anos para os calouros e por isso cada ano, na pesquisa da gravadora (Trama), baixa a idade dos que procuram de meus discos.”

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