Festival de Berlim é vitrine de Hollywood na Europa

A 53a edição do Festival de Berlim oferece, de 6 a 16 de fevereiro, uma enorme quantidade de filmes candidatos aos próximos Oscar, mas nenhum latino-americano, pois o selecionador Dieter Kosslick não encontrou nenhum dessa parte do continente digno de representá-la.

Seguindo os passos de seu predecessor, Moritz de Hadeln (afastado da direção do festival em 2001, entre outras coisas pela excessiva atenção dada ao cinema de Hollywood), Kosslick reservou quase metade do programa oficial às produções americanas, confirmou o entendimento franco-alemão com três filmes franceses (e mais uma homenagem a Anouk Aimée, Urso de Ouro à carreira), três alemães e deu generosa acolhida à China, também com três títulos.

O resto do mundo teve de se contentar com as migalhas do banquete: só um filme africano, mais um da Ásia, que se junta aos três chineses, nada para o norte da Europa e nova ausência da Espanha, com exceção de uma co-produção em inglês com o Canadá.

A América Latina está totalmente ausente, presente apenas entre os curtas com o brasileiro “Plano seqüência”, de Patrícia Moran, e o argentino “En ausencia”, de Lucía Cedrón, e nas seções paralelas Panorama e Foro do Cinema Jovem.

Poucas vezes como neste ano, os Estados Unidos roubam a atenção no Festival de Berlim, ao chegar com fortes candidatos aos Ursos de Ouro e Prata, como “The hours”, com um trio excepcional de atrizes ? Meryl Streep, Julianne Moore e Nicole Kidman ? e “Adaptation”, de Spike Jonze, com Nicolas Cage e novamente Meryl Streep.

Há também a presença de Steven Soderbergh com seu remake de “Solaris” de Andrei Tarkovski, porém mais fiel ao romance original de Stanislas Lem, com George Clooney que, além disso, estará em Berlim com seu novo duplo papel de ator e diretor, com sua obra-prima “Confessions of a dangerous mind”.

Também aspira a um Urso de Prata como melhor ator Edward Norton, extraordinário intérprete de “25th. hour”, de Spike Lee, onde interpreta um homem que revive sua vida antes de cumprir uma pena de sete anos de prisão.

“Gangs of New York” encerrará o festival

Um alívio para os demais concorrentes é o fato de que o musical “Chicago” e “Gangs of New York”, outros dois grandes candidatos ao Oscar, abram e fechem o festival fora de concurso.

Outras propostas interessantes serão as de Alan Parker com “The life of David Gale”, de Michael Winterbottom com “In this world”, sobre o tema dos refugiados afegãos, e do australiano Rolf de Heer com seu policial claustrofóbico “Alexandra?s project”.

Os dinamarqueses do grupo Dogma apresentarão seus primeiros filmes em inglês. Thomas Vintenberg apresenta seu “It?s all about love” e Lone Scherfig mostra “Wilbur wants to kill himself”, ambos fora de concurso.

O presidente do júri é o diretor armênio-canadense Atom Egoyan (em sua homenagem se projetará seu filme mais recente, “Ararat”, visto em Cannes no ano passado).

O Urso de Ouro à carreira será para a atriz francesa Anouk Aimée, que escolheu para sua noite de gala a projeção de “Lola”, de Jacques Demy. As duas retrospectivas deste ano serão de dois gênios do cinema, o alemão Friedrich Wilhelm Murnau e o japonês Yasujiro Ozu.

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