Fernanda Nobre diz precisar mostrar outras facetas

Fernanda Nobre parece ser a própria metamorfose ambulante. Visivelmente mais magra e prestes a completar 19 anos, ela só volta a ter o semblante de menininha quando abre o sorriso. Mas, por trás do jeito meigo, é evidente a maturidade de quem comemora uma década na tevê em 2002.

Aos 8 anos, a carioca de oscilantes olhos azuis já vivia a filha de Tássia Camargo e Marcos Paulo em “Despedida de Solteiro”, na Globo. Atualmente, já em sua terceira fase de “Malhação”, Fernanda garante que ainda sente prazer em interpretar a personagem Bia, mas não esconde que quer se aventurar em outros papéis. “Já deu o que tinha de dar. Estou feliz, mas preciso mostrar outras facetas como atriz. Quero fazer novela, teatro, cinema…”, planeja.

Estímulo

Fernanda afirma também que conseguiu se sentir motivada na produção da Globo porque, nesses dois anos e quatro meses que vem interpretando a Bia, o papel teve mudanças interessantes nas três etapas. Quando estreou em “Malhação”, Bia era a grande vilã da história, uma espécie de “Betty Davis teen”. A atriz chegou a sair correndo de uma praia na Zona Sul para escapar de um grupo de meninas que diziam odiar a sua personagem. Ela lembr que em meu ao horror que passou, até ponta de cigarro acesa foi arremessada contra ela na época.

Sem se abalar, Fernanda garante que, como intérprete de uma vilã, é preferível saber que o público a odeia a ficar indiferente ou mesmo gostando. “Meu trabalho vai muito além de tirar fotos ou dar autógrafos. Não corro atrás do sucesso e sim de fazer o que gosto”, detona.

Mudanças

Fernanda diz que “Malhação” proporcionou a ela vários personagens em um só. A atriz lembra que, já na segunda fase, em 2001, Bia preservou algumas características, como o egoísmo, mas que teve de mudar com a maternidade. Hoje, com quase dois anos, o filho Bernardinho já foi vivido por, pelo menos, três crianças diferentes. Nesta época, a atriz se surpreendeu ao ser abordada por meninas que queriam tirar dúvidas sobre gravidez, como o porquê da camisinha furar durante a relação sexual. “Parece que a moçada não tem consciência de que depressão pós-parto é algo normal. A Bia não queria amamentar e chegou a chamar o filho de rato. O pessoal ficou com mais raiva dela ainda”, ressalta. Foi neste período que Fernanda fez uma de suas cenas mais difíceis: após ter transado com Perereca, vivido por Márcio Kieling, Bia era quase estuprada pelo personagem do ator. “Fiquei tensa”, recorda.

Fio do ódio

Mesmo com a maternidade de Bia, Fernanda acredita que só nesta atual fase é que o público deixou de sentir ódio pela personagem. A explicação é que a autora Andréa Maltarolli está aproveitando o jeito irritante de Bia para fazer comédia. O objetivo agora é subir na vida e dar o golpe do baú em Charles Jr., papel de Miguel Thiré. Passional, Fernanda acha que dificilmente outra personagem vai proporcionar a ela estilos tão distintos, como a vilã, a louca, a chata e a engraçada. Ela não pensa duas vezes, inclusive, antes de soltar a pérola: “A Bia é a melhor personagem de ?Malhação?. Por isso, nunca entrei em crise com ela”, confessa.

A atriz também argumenta que não deixa de notar um certo preconceito por parte de vários atores com “Malhação”. Para ela, existe realmente a idéia de que o “folheteen” é algo menor em termos de dramaturgia, se comparado a novelas e minisséries. Nestas horas, Fernanda tem a resposta na ponta da língua. “É só olhar o Ibope e a resposta está dada”, rebate a atriz, referindo-se à excelente média de 30 pontos de “Malhação”. “Já chegamos a bater a novela das seis e das sete”, provoca. Para Fernanda, o motivo de tanto sucesso é a agilidade da trama e o apelo educativo direcionado aos adolescentes. Mesmo antes de deixar a produção, ela já sente saudades de alguns dos muitos atos impulsivos de Bia, como se vestir de presente para tentar fisgar o riquinho Charles Jr. O final para este romance, porém, Fernanda só aceita um. “A Bia tem de sair da novela casada. Ela está tentando há três anos e já tem até filho. Coitada!”, manda o recado.

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